São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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BC tem dúvidas para fazer troca de moeda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A "transfusão" do meio circulante (o dinheiro em circulação) no momento da criação da nova moeda, o real, ainda é objeto de dúvidas no Banco Central. É com essa expressão que o governo vem chamando o momento de substituição de todos os cruzeiros
reais em circulação pela nova moeda.
O modelo imaginado até o momento –que seria o recolhimento dos cruzeiros reais pela rede bancária em um prazo de duas ou três semanas– enfrenta um problema: retirar cédulas de maior valor, como as de CR$ 1.000 e CR$ 5.000 que estão circulando.
E ainda está previsto o lançamento das notas de CR$ 10 mil e CR$ 50 mil antes de o real se tornar a nova moeda a ser implantada no país.
O BC só tem experiência de recolhimento, através da rede bancária, de cédulas cujo valor de compra já foi quase totalmente corroído pela inflação. Esse recolhimento é mais fácil, porque as cédulas já estão praticamente em desuso pela população –caso das de CR$ 10 e CR$ 50 existentes hoje.
Essas cédulas e outras de valor ainda inferior representam cerca de 50% do meio circulante atual (ou 1,5 bilhão de cédulas), segundo cálculos do BC.
Outra alternativa –a de aproveitar o momento em que o real valesse CR$ 1.000, para facilitar as contas e o aproveitamento das cédulas em cruzeiros reais– é considerada de difícil aplicação. Isso porque, mesmo no momento da troca de moedas, ainda haveria alguma inflação em cruzeiros reais.
Portanto, dizem os técnicos, R$ 1 só valeria CR$ 1.000 durante um dia útil. No dia seguinte, a conta já seria outra. Além disso, segundo projeções da área técnica, essa paridade seria atingida na primeira quinzena de abril, período considerado prematuro para o lançamento do real.
As dificuldades para a transfusão do meio circulante independem do momento de emissão do real, entendem os técnicos do BC. Qualquer que seja a data ou a paridade real/cruzeiro real, a troca de moedas terá de ser a mais rápida possível, porque os preços ficarão "quebrados" (em valores fracionados) em cruzeiros, dificultanto as contas de transformação de valores das cédulas antigas para as novas.
Os técnicos do Banco Central trabalham sem data marcada para a criação do real –considerada assunto estratégico do Ministério da Fazenda, porque a emissão da nova moeda é que deverá marcar a queda da inflação.

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