São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Brasileiro consegue cura contra malária

ABNOR GONDIN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O uso de duas drogas –mefloquina e artesunato–, associadas ou isoladas, apresentou 100% de eficácia no tratamento de 50 pacientes de malária no município de Itaituba (1.900 km a oeste de Belém). Itaituba, centro de garimpeiros, é um dos municípios de maior incidência da doença na Amazônia –região onde ocorrem 99% dos 600 mil casos de malária registrados anualmente no país.
A experiência, desenvolvida pelo Instituto de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará, foi indicada ao prêmio de melhor trabalho de combate à malária no mundo pelo laboratório Mepha, da Suíça, um dos que produzem as drogas.
O prêmio será concedido no 30º Congresso Brasileiro de Doenças Tropicais, que será realizado entre os dias 6 e 11 de março, em Salvador.
Hipóteses
Segundo Bernardo Cardoso, 40, um dos seis médicos do instituto envolvidos com a experiência, estudos realizados em outros quatro países da Ásia e África onde a doença também apresenta alta incidência não mostraram a mesma eficácia com o uso isolado das drogas.
"Estamos amadurecendo hipóteses sobre as razões do maior sucesso no Pará", disse o pesquisador.
Os pacientes tratados com as drogas apresentaram melhoras dois dias após a ingestão dos remédios, segundo Cardoso.
Elas têm ainda a grande vantagem de produzir menor efeito colateral do que o quinino, um produto químico bastante usado que elimina a doença, mas provoca resultados danosos ao organismo humano. Entre os efeitos conhecidos, há a redução da audição e o comprometimento do fígado.
O médico não sabe prever quando o remédio estará à disposição para venda ao público.

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