São Paulo, sábado, 5 de março de 1994 |
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Até de Aero Willys
FLAVIO GOMES A menos de 20 dias da abertura do Mundial de F-1, eu mesmo, dono de opiniões firmes e convicto nas bobagens que escrevo, já mudei meu prognóstico para a temporada duas vezes. No começo do ano, remando contra a maré dos que apostavam no renascimento do equilíbrio e coisa e tal, afirmei com todas as letras que Senna ia ser campeão fácil.Esta semana, acompanhando de longe os testes de Paul Ricard, aderi ao oba-oba do campeonato legal. Argumentos: a Williams estava cheia de problemas, igualzinha à Ferrari e à McLaren, e equipes médias, como Benetton, Sauber e Jordan, espalhavam otimismo. Com razão. Começaram a testar antes, andaram fazendo voltas bem rápidas e tiveram tempo de sobra para aparar as arestas de seus carros novos. Cheguei a colocar uns cobres na Benetton, que conhece cada parafuso do seu tubarão –o chassi é praticamente o mesmo de dois anos atrás. Mas aí a Williams resolveu andar e o Senna abriu um sorriso de aba a aba do boné no último dia de trabalho na França. Conclusão: como sempre, esses testes de início de ano são um jogo de esconde-esconde. Só na semana que vem, em Imola, que vai ser possível ter uma idéia do potencial de cada equipe. Nos primeiros dias, menos. O pessoal se dedica a experimentar diversos acertos, enche o tanque, esvazia o tanque, usa pneu novo, pneu velho, põe asa, tira asa, coloca roda de bicicleta, manche, antena parabólica, forno de microondas, videocassete e banheira de hidromassagem. Na quinta e na sexta, o que deu certo vai para a pista. Então a briga é no cronômetro. No que me diz respeito, voltei atrás de novo e continuo achando que Ayrton é barbada. O motorzão Renault é um foguete. O carro é meio parecido com o do ano passado, mais estreito, apenas, e com um barato esquisito no aerofólio, que parece rampa do Niemeyer no Memorial da América Latina. Mas, mais do que os tempos que o cara conseguiu, é seu bom-humor que deve deixar enrugada a testa dos adversários. Depois, insisto: se Prost não correr, podem dar um Aero Willys turbinado para o Senna que ele é campeão. Falta material humano para derrotá-lo. A molecada toda que promete ainda tem muito chão pela frente. Então tá falado: Ayrton vai ganhar tudo com um pé nas costas. E eu só mudo de opinião de novo na semana que vem. Texto Anterior: Por que podemos ter os 5 no ataque (5) Próximo Texto: Começa hoje a luta pelo título no vôlei feminino Índice |
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