São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Japão anuncia saldo positivo de US$ 6,8 bi

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O superávit do Japão no balanço de pagamentos –a mais ampla medida do comércio externo– deu um inesperado salto de quase 31% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado. O anúncio acontece um dia depois de o governo dos EUA renovar as ameaças de guerra comercial se o Japão não baixar seu superávit.
Em janeiro, o saldo no balanço de pagamentos (balança comercial, transações de serviços e fluxo de capitais entre países) do Japão atingiu US$ 6,83 bilhões. Em janeiro de 1993, o superávit havia sido menor, de US$ 5,22 bilhões. Em relação ao saldo de dezembro de 93, (US$ 12,57 bilhões), no entanto, o superávit diminuiu.
Na quinta-feira, o presidente Bill Clinton assinou decreto reinstalando a chamada Super-301. É uma lei que amplia os poderes de Washington adotar sanções comerciais contra países considerados desleais no comércio. Em vigor nos anos de 1989 e 1990, a lei foi usada inclusive contra o Brasil.
Desta vez, o alvo mais próximo é o Japão e seu crescente superávit. O Japão foi o responsável por US$ 59,3 bilhões do déficit comercial total de US$ 118 bilhões registrado pelos EUA no ano passado.
A readoção da Super-301 não foi bem recebida pelo Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio). O órgão encarregado de supervisionar o comércio mundial é contrário a medidas unilaterais punitivas como as permitidas pela Super-301. Houve críticas também dos países asiáticos e europeus. Uma das mais contundentes veio da França. O primeiro-ministro francês, Edouard Balladur, disse que retaliações unilaterais contrariam o ideal do livre comércio.
Em Tóquio, o primeiro-ministro japonês, Morihiro Hosokawa, prometeu medidas efetivas para baixar o superávit. Ele pediu ao Parlamento a aprovação de uma agenda para abrir o mercado japonês e estimular as importações. O Japão nega-se, no entanto, a aceitar metas quantitativas para importações de produtos norte-americanos, como exigem os EUA.
Alguns representantes do empresariado japonês, no entanto, se mostram dispostos a adotar metas voluntárias para evitar retaliações dos EUA. Um deles é Soichiro Toyoda, influente presidente da Toyota. Ele disse que a montadora vai comprar mais autopeças dos EUA. "Não é impossível para nós apresentarmos um plano voluntário com números", revelou.
Um representante do comércio externo japonês, que pediu anonimato, disse que a Super-301 não vai acelerar nem retardar o plano de abertura de mercado que deve ser elaborado até o final deste mês.

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