São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Chapéu australiano domina cabeças teens

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os teens adotaram definitivamente o chapéu dos caçadores e pescadores. Conhecido como australiano, cata-ovo, navy ou safári, o chapéu de tecido usado pelos desbravadores de fazendas na Austrália e depois por respeitáveis senhores de mais de 50 anos ganhou cores vivas, flores, estampas e listras. Vendido em tradicionais lojas masculinas, como a Richard's, o chapéu australiano é hoje item esgotado em lojas de surf wear e moda jovem. As aspirantes a aventureiro são, principalmente, garotas entre 13 e 18 anos.
Perfeito para a praia, o chapéu australiano invadiu a cidade no verão. Para as garotas, a aba está invariavelmente virada para cima, quase sempre com algum enfeite, como flores, alfinetes e broches.
A aba virada é questão de honra para Martha Fabiola Nieto Celle, 12. Ela diz usar o chapéu em qualquer lugar, mas tem preferência pela praia. Sua amiga Karina Silva Maldonado, 13, diz que "rouba" o chapéu da irmã mais velha para ir à escola. As duas estavam com mais três amigas passeando no shopping Eldorado (zona oeste de São Paulo). A opinião de todas sobre o chapéu é unânime: "É uma graça." Elas não escondem a influência da personagem Tina Zapata, interpretada pela atriz Patrícia Perrone em novela da Globo.
A Pakalolo, especializada no segmento teen, colocou 10 mil chapéus australianos nas lojas em fevereiro e vendeu tudo em menos de um mês. No shopping Eldorado é impossível comprar um chapéu australiano hoje. Os estoques de todas as lojas –Pakalolo, Fruto Verde, Lombok, Free Ride, Yachtsman– estão esgotados. Os preços variam de CR$ 4.900,00 na Pakalolo a CR$ 7.440,00 na Track & Field, no shopping Iguatemi. Na Yatchsman, o australiano de sarja custa CR$ 6.800,00.
A vendedora Marta Pereira Barreto, 23, da Free Ride, diz que a procura é muito grande e os chapéus acabam rápido. "Se tivesse em estoque, venderia uns dez por dia", afirma. A previsão é a mesma na Yatchsman, rede de lojas de moda masculina que vendeu 40% da produção de chapéus australianos para mulheres, segundo estimativa do gerente de produto Paulo César Tavares, 25. Os outros compradores, segundo Tavares, são homens, adeptos fiéis há décadas do chapéu australiano.
Um bom exemplo é o professor universitário aposentado Edison Paulo Tavares de Oliveira, 70. Em fins da década de 60 ele já usava o australiano para caçar e pescar. "O que me inspirou foram filmes de safári, como 'As Neves do Kilimanjaro'. Achei o modelo bonito", diz. Oliveira conta que comprava o chapéu em uma loja que não existe mais, a Grande Amazonas, na rua São Bento (centro).
Onde encontrar - Pakalolo do shopping Ibirapuera; Yatchsman do shopping Iguatemi; Track & Field do shopping Iguatemi. Lombok, Fruto Verde e Free Ride estão com estoques esgotados.

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