São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Fazenda desata 'nós' do plano

IVANIR JOSÉ BORTO; LILIANA LAVORATTI; VIVALDO DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nas próximas duas semanas, a equipe econômica do governo tentará desatar os principais "nós" da URV (Unidade Real de Valor). As lideranças do governo no Congresso manobram para empurrar com a barriga a votação do plano no Congresso e evitar modificações precipitadas. O principal "nó" identificado pelo governo é a área salarial.
O governo quer eliminar qualquer tipo de política salarial. Para isso, o ministro do Trabalho, Walter Barelli, mandou sua assessoria acelerar estudos para implantar o contrato coletivo de trabalho.
Há parlamentares decididos a incluir no plano FHC um sistema de "gatilho", sempre que o índice de inflação acumulado atingir determinado patamar, que pode ser de 10%. "Isso seria um imperdoável retrocesso", condena o ministro Fernando Henrique Cardoso.
A equipe econômica também estuda regras compulsórias para os contratos que não tiverem sido convertidos para URV quando for criado o real. A Folha apurou que os técnicos estudam formas de evitar que a inflação em URV seja repassada para o real.
Outro problema é o sistema de compra e venda praticado pelos supermercados, que pagam seus fornecedores com prazos médios de 30 dias, mas vendem à vista e aplicam no mercado financeiro até o pagamento. Este sistema terá de ser alterado quando os produtos forem adquiridos em URV. (Ivanir José Borto, Liliana Lavoratti e Vivaldo de Sousa)

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