São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Mercado e BC divergem sobre taxas

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

Estão sobrando US$ 3 bilhões no mercado financeiro, fora do abrigo tranquilo dos títulos públicos. Esse recurso vai dormir no overnight do Banco Central ao final do expediente bancário, mas volta para a economia na manhã seguinte. Este é o resultado do início de outro período de divergências de opiniões entre o BC e o mercado sobre a taxa de juros.
No curto prazo, as idéias não combinam sobre a inflação de março. Para os bancos, está entre 41% e 43%, número disparatado do ponto de vista do BC. Os pensamentos diferentes provocam o fracasso do leilão de BBCs prefixados.
O mercado financeiro não tem a menor noção da taxa de juros depois do novo padrão monetário e o BC acaba sem compradores para as NTNs cambiais. "O problema é que estamos no limbo e fica tudo muito estranho, pois imaginava que pudéssemos nos mover para a URV imediatamente", afirma Cláudio Haddad, diretor superintendente do Banco Garantia.
O leilão de BBCs que o BC realiza terça-feira deve reforçar esse cabo de guerra. "As remarcações de preços são violentas", afirma Norberto Barbedo, diretor financeiro do BCN. "Portanto, a dispersão de taxas para participação do leilão deve continuar."
Segundo Marco Aurélio Cançado, presidente da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento e Desenvolvimento), o governo poderia começar a administrar a política monetária com outro tipo de papel. "Os juros não se combinam entre o que o mercado quer e o BC aceita", afirma. E como não há aumento de CDBs prefixados emitidos na economia, o BBC acaba caindo também em desuso, por ser também prefixado.
A situação é parecida com a da dezembro, quando os bancos e o BC brigaram muito até encontrar o juro básico da economia. "Não tenho inveja da posição do BC", afirma Candido Botelho Bracher, diretor financeiro do Banco BBA.
Para Bracher, o BC poderia emitir uma NTN indexada ao dólar com prazo de um mês para poder recolher esse dinheiro a mais em circulação. Segundo Ricardo Braga, diretor financeiro do Citibank, há ainda outras opções como as LFTs ou LBCs, ambos papéis prefixados de trinta dias. "É a forma de administrar a situação."
(NH)

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