São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Organização é o forte do futebol de mesa

PAULO D'AMARO
DA REPORTAGEM LOCAL

Existe pelo menos um técnico no Brasil que não tem medo de escalar os cinco atacantes na seleção brasileira. "Eu faria isso, mas colocaria Edílson no lugar de Dener", diz o palmeirense Paulo Perrotti, 19, estudante de direito. Os atacantes, no entanto, não atuariam no gramado, mas sim numa mesa de 1,67 m de comprimento por 1,04 m de largura. E mais: o ataque infernal não seria composto de seres humanos, mas por círculos de acrílico do tamanho de um biscoito. Paulo Perrotti é, na verdade, o técnico campeão paulista de futebol de mesa.
O futebol de mesa é a versão organizada do jogo de botão, o brinquedo que quase toda criança já teve. A diferença é que é praticado por jovens e adultos, tem regras definidas, federações e um calendário de fazer inveja ao futebol de verdade. Entre seus adeptos estão artistas, como Chico Buarque e o "bluesman" André Christovam, empresários, como o presidente da Fiesp Carlos Eduardo Moreira Ferreira, ou políticos, como o governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho.
"São mais de 2.000 jogadores federados em São Paulo", conta Salvador Perrotti, 57, diretor do departamento de tecnologia da Fiesp e pai do atual campeão paulista por equipes. O empresário do ramo de informática também é entusiasta dos botões, tanto que decidiu fornecer um patrocínio de aproximadamente US$ 1.000 por mês à equipe de futebol de mesa do Sesi, em São Paulo.
Os botonistas não se contentam em apenas jogar. Uma parte essencial é a confecção dos botões, que buscam perfeição técnica e estética, mas nem sempre histórica. Há quem escale, na mesma linha, Zico, Romário, Pelé e Friedenreich."O bonito é isso; poder montar o próprio time, mesmo que seja com jogadores de épocas diferentes", diz Salvador Perrotti, que uma vez por mês desafia o ex-reitor da USP, Hélio Guerra Vieira, para uma partida em sua chácara.
O calendário do futebol de mesa faz jus à seriedade com que a brincadeira é tratada. Há um campeonato brasileiro e, em São Paulo, sete torneios ao longo do ano, sendo seis deles individuais e um por equipes. "Nós sabemos hoje o que vai acontecer em 11 de dezembro, às 15h", diz o presidente da Federação Paulista, Antonio De Franco, 45.
Cada clube conta com uma equipe de seis "técnicos". É assim que são chamados os participantes, pois, no jargão do futebol de mesa, a palavra "jogador" significa cada um dos botões do time. Num jogo entre clubes, seis mesas são montadas para que os seis técnicos de um clube joguem contra os seis do outro simultaneamente. Ao final da sessão, que dura em média duas horas, 32 jogos terão sido disputados. Ganha aquela equipe que tiver mais vitórias.
O campeonato paulista deste ano tem número recorde de clubes inscritos: 14. "Além disso, há também jogadores avulsos", diz De Franco. Segundo ele, a Federação Paulista prepara a inclusão do esporte nos Jogos Operários do Sesi e nos Jogos Abertos do Interior, as duas maiores competições do esporte amador brasileiro.
Iniciantes podem praticar na Federação Paulista de Futebol de Mesa - Rua Luís Coelho, 340, 1º andar. Tel.:255-7499.

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