São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Galpões dão lugar a prédios no Ipiranga

CLÁUDIA RIBEIRO MESQUITA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Com uma boa infra-estrutura de serviços e transportes, a região do Ipiranga (zona sul) está mudando de cara. O bairro, tradicionalmente fabril e "esquecido" pelo mercado imobiliário, passa por um período de transição, com chances de se tornar predominantemente residencial.
"A região vem passando por uma transformação urbanística com a desocupação dos galpões e antigas casas, em cujos locais há grandes possibilidades de surgirem empreendimentos", avalia João Freire D'Avila, 35, da empresa Amaral D'Avila Engenharia de Avaliações. Com as obras do córrego do Ipiranga e avenida do Estado favorecem, segundo D'Avila, a tendência residencial.
"O Ipiranga assumiu características residenciais mais fortes nos meados dos anos 80", afirma Dolzonan da Cunha Mattos, 45, diretor-superintendente da Encol, que aposta maciçamente na nova vocação do bairro. A empresa investiu em um empreendimento imobiliário na região com oito torres com apartamentos de dois, três e quatro dormitórios -US$ 70 mil, US$ 90 mil e US$ 115 mil, à vista, e uma comercial. Os 500 imóveis já foram comercializados. A primeira etapa começa a ser entregue em dezembro de 1994 e a segunda está prevista para o início de 95.
Em abril, a Encol se prepara para lançar um prédio com 68 unidades de quatro quartos compactos próximo ao museu do Ipiranga e, até o final do ano, deve se fazer presente em mais dois ou três empreendimentos no local. Segundo Mattos, o bairro é carente de imóveis, com fácil acesso aos Jardins, ao Centro e à rodovia dos Imigrantes. "É um bairro com boa liquidez", diz.
Mas Milton Goldfarb, 32, diretor da construtora Goldfarb, não concorda. "Não é um bairro de liquidez tão fácil", afirma. Em cinco anos, a Goldfarb construiu oito prédios no bairro e tem dois terrenos para os quais ainda não há projetos de construção. "O comércio está semi-estagnado, não há metrô perto e não está mais próximo do centro", analisa. Além disso, segundo ele, por ser antigo e tradicional, é difícil levar para lá gente que não seja do próprio bairro.
Domingos Odone Dissei, 41, administrador regional do Ipiranga e um dos sócios da Dissei Engenharia, uma construtora que atua na região há 30 anos, afirma que "nos últimos dez anos a região se verticalizou bastante". A procura por imóveis e terrenos para incorporação, de acordo com ele, aumentou cerca de 25% de um ano para cá, também em função das reformas no Parque do Ipiranga.
A Dissei tem dois empreendimentos no bairro. Um deles, no início da via Anchieta, começa a ser entregue em 30 dias. São 214 unidades de dois quartos, das quais 72 foram vendidas por US$ 40 mil, em média, desde o lançamento, há um ano e meio. O outro, na avenida Bom Pastor, com vista para o Museu, ainda está em construção. São apartamentos de três quartos por US$ 100 mil.

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