São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Gene pode indicar risco de osteoporose; GLOSSÁRIO

ESPECIAL PARA A FOLHA

Gene pode indicar risco de osteoporose
JOSÉ REIS
A osteoporose,a mais comum das doenças metabólicas ósseas, consiste em desequilibrio entre a deposição de cálcio no osso e sua reabsoção ou dfestruição. Disso resulta alteração estrutural e porosidade do osso, que se torna frágil e quebradiço. A massa óssea diminui, porém a mineralização é normal . A doença é progressiva e evolui sem sintomas aparentes, sendo geralmente descoberta, quando ocorrem trincas e fraturas ou quando eventualmente se fazem radiografias por outros motivos. O médico tem elementos para reconhece-la e avaliar seu grau de evolução (radiografia, desintometria etc.)
Quando muito acentuada, pequenos movimentos, como os de levantar ou sentar, podem provocar fraturas, às vezes graves como as da coluna e da cabeça do fêmur.
Muito menos comum no homem que na mulher, sua frequencia nesta se acentua a partir da menopausa, o que muitos atyribuem à deficiência de estrogênio, hormonio sexual feminino.
A terapia varia conforme o caso, incluindo administração de calcio, fósforo, flúor, vitamina D, calcitonina (hormônio da tireóide que se opõe à reabsorção óssea), exercicios ao ar livre, como andar, luz solar adequada etc. Geralmente só é diagnosticada depois dos 50 anos, quando a vítima sofre alguma fratura. Mas esse quadro poderá ser revertido e o diagnóstico, se tornar mais comum e precoce se forem confirmadas observações de mé dicos australianos que na revista "Nature" comunicaram a descoberta de um gene que poderá propocionar diagnóstico precoce, até embrionário, de tendência para a moléstia.
O grupo médico é chefiado por John Eisman, do Instituto Garvan de Pesquisa Médica em Sydney. Diga-se inicialmente que as pesquisas são ainda preliminares.
Os pesquisadores descobriram duas versões de um gene especificamente ligado à densidade óssea e suas variações. Um dos tipos que eles chamaram de b, associa-se a esqueletos fortes e o outro, B, a esqueletos fracos. O gene comanda a produção, nas células ósseas , de receptores para uma forma de vitamina D que participa fundamentalmente do processo de formação óssea. Quando a vitamina ancora no receptor, este parece emitir sinais para todos os outros genes que controlam a a renovação do osso. Segundo Eisman, o risco dea osteoporose depende em grande parte do tipo de receptores que o induviduo herda. Como cada pessoa tem um par de cada cromossomo (a fita em que se acha o gene), O filho do casal recebe um elemento de cada par. Sua constituição óssea poderá ser expressa por BB, Bb ou bb. Quando a herança é BB, o indivíduo corre máximo risco de contrair a osteoporose aos 65 anos, com propensão a ter fratura da coluna 18 anos após a menopausa. Esse limite é atingido quatro anos depois por mulheres Bb. As bb só atingiram esse limite 29 anos após a menopausa. Essa estatística baseia-se no estudo de 311 mulheres.
Mas não apenas o fator genético influi na doença. Em 25% dos casos, atuam também os fatores ambientais.
Qual a vantagem de conhecer as probabilidades genéticas da tendência para a osteoporose. É certo que a pessoa com forte tendência à doença adquirirá uma permanente preocupação, mas por outro lado poderá se submeter precocemente a tratamentos médicos, como os já registrados, desde cedo, a fim de minimizar os riscos decorrentes do mal.

GLOSSÁRIO
Estrogênio: Hormonio sexual feminino que exerce papel fundamental no ciclo menstrual e na gravidez.
Calcitonina: Hormônio produzido pela glândula tireóide. Ele regula a reabsorção óssea . Excesso de reabsorção faz com que o osso fique mais frágil.
Vitamina D: Vitamina que atua no processo de formação óssea. A maior parte dos receptores da vitamina D fica no intestino.
Gene: Trecho de um cromossomo responsável pela codificação de uma proteína e transmissão de uma caracteristica hereditária.
Cromossomo: Trecho de DNA que fica no interior do núcleo das células e que contém os genes.

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