São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Júri vai ouvir seis assessores de Clinton

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Seis dos assessores mais próximos do presidente dos EUA, Bill Clinton, e da primeira-dama, Hillary, foram intimados a depor diante de júri federal em Washington na próxima quinta-feira sobre encontros irregulares que tiveram com investigadores do caso Whitewater. Um deles, Bernard Nussbaum, amigo íntimo do casal Clinton, disse ao presidente que renunciaria ontem ou hoje.
Estes são os desdobramentos mais graves até agora da investigação liderada pelo promotor especial Robert Fiske sobre as ligações do casal Clinton com o empresário do Estado de Arakansas, James McDougal. Os Clinton e os McDougal foram sócios de 1978 a 92 em uma empresa de construção civil, a Whitewater, suspeita de ter cometido várias ilegalidades.
Hillary, então primeira-dama de Arkansas, defendeu McDougal diante de entidades do governo estadual quando seu banco de poupança foi à falência sob desconfianças de fraude e Clinton é acusado de, como governador, ter induzido o responsável por um órgão público de auxílio a pequenas empresas a emprestar US$ 300 mil à mulher do milionário McDougal.
Entre as suspeições contra a Whitewater está a de que ela funcionava como empresa de fachada para o desvio de recursos ilegais para as campanhas políticas de Clinton. A companhia deixou de declarar imposto de renda durante três anos seguidos e auditores independentes constataram diversas falhas graves em seus livros de contabilidade.
Mas, como no caso Watergate, que provocou a renúncia em 1974 do então presidente Richard Nixon, os maiores problemas políticos para a Casa Branca aparecem nas tentativas de acobertamento de fatos referentes a Whitewater. As intimações contra os assessores dos Clinton têm a ver com isso: eles foram brifados por funcionários do Departamento do Tesouro que investigam o caso.
Os três encontros ocorrreram entre setembro e novembro de 1993 e foram admitidos pela Casa Branca apenas na quinta-feira, quando o presidente os classificou de "erros". No mínimo, essas reuniões ferem os códigos de ética do governo dos EUA. No máximo, podem ser consideradas como obstrução da justiça, classificada como crime na legislação dos EUA.
Entre os participantes das reuniões estavam os assessores pessoais de Clinton Bernard Nussbaum e Bruce Linndsey, o subchefe da Casa Civil, Harold Ickle, a chefe de gabinete da primeira-dama, Margaret Williams, o diretor de Comunicações da Casa Branca, Mark Gearan, a assessora de imprensa de Hillary Clinton, Liza Caputo, e o subsecretário do Tesouro, Roger Altman.
Nussbaum, 57, que contratou a então recém-formada advogada Hillary Rodham para trabalhar como assessora da comissão do Congresso que preparou o processo de impeachment contra Richard Nixon em 1973, é a primeira vítima política de Whitewater. Ele foi o articulador dos encontros com os investigadores do Tesouro e é suspeito de outras irregularidades.
Foi Nussbaum, por exemplo, quem ordenou a remoção de todos os documentos relacionados com Whitewater do escritório de Vincent Foster, outro assessor de Clinton, logo após a sua morte, em julho de 1993. Foster era o procurador dos Clinton junto à Whitewater. Seu corpo foi encontrado num parque de Washington. A morte foi atribuída a suicídio mas o caso foi reaberto.

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