São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Saiba como cuidar do carro após enchente

Ricardo Caruso

RICARDO CARUSO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nesta época de chuvas constantes, muitos motoristas acabam surpreendidos por enchentes repentinas, que podem provocar danos nos carros. Dependendo do nível de água, os estragos podem atingir desde o motor até a tapeçaria e o painel de comando.
Uma enxurrada por trás do veículo, por exemplo, na altura da saída do cano de escapamento, pode provocar a entrada de água no interior da câmara de combustão, no motor, com risco de quebra do pistão, biela ou até do virabrequim. Ou seja, é prejuízo na certa.
Uma enchente que atinja o meio da porta fará com que a água suja penetre no interior do carro, estragando praticamente toda a tapeçaria e os revestimentos: carpete, bancos, forros de portas e laterais estarão perdidos.
Quando a água das enchentes atinge o nível das janelas, é quase certo que a perda do veículo esteja selada. Além de toda a tapeçaria danificada, o painel também é atingido, danificando não só a instrumentação como toda a parte elétrica. Tudo terá que ser trocado.
A parte mecânica do automóvel também é seriamente atingida. O motor terá de ser totalmente desmontado para que seja retirada a água e, com ela, a sujeira depositada no seu interior.
Em casos de veículos que têm caixa de câmbio automático, as despesas serão ainda maiores, pois este tipo de transmissão exige reparo ainda mais especializado.
As despesas não param por aí. O sistema de freios também terá de ser desmontado para a limpeza de pastilhas e lonas (aproveite para trocá-las), além da substituição total do fluido de freio.
O tanque de combustível –bem como todos os demais reservatórios de líquidos– deve ser drenado, retirado do carro e totalmente lavado. O mesmo pode ser feito com as lanternas, mas se entrar água suja nos faróis, a recuperação fica difícil. A solução é trocá-los.
Limpeza total
A faxina continua com uma limpeza cuidadosa da carroceria. No assoalho do interior e do porta-malas existem drenos de borracha que devem ser retirados para facilitar o serviço. Será necessário usar uma escovinha, sabão de coco e muita paciência para deixar tudo limpo. Na parte inferior das portas existem pequenos furinhos, que servem para escoar água e, com a sujeira, provavelmente precisam ser desentupidos. No porta-malas, junto às caixas de rodas, pode ter muita lama acumulada.
Depois que o carro estiver pelo menos funcionando, será preciso levá-lo a um posto para uma lavagem completa, seguida de pulverização com óleo vegetal (de mamona, por exemplo). Troque todos os filtros (de ar, óleo e combustível), coloque óleos lubricantes novos no motor e no câmbio, fazendo uma troca com cerca de 1.000 km rodados para eliminar possíveis resíduos de sujeira. Todos os rolamentos também precisam ser lubrificados, em especial os de roda. Não esqueça de verificar também a caixa de direção e interior do servofreio, que podem ter acumulado muita água.
Capricho
Para garantir uma boa recuperação no final, é preciso cuidados especiais, como aplicar óleo em spray no interior das portas e cantinhos mais escondidos, encerar a pintura, substituir a bateria e deixar o carro exposto ao sol o maior tempo possível. Para aliviar o mau cheiro interno causado pela água da rua, que é inevitável, apele para tubos de desodorizante em spray e os tradicionais "cheirinhos".
As enchentes são imprevisíveis, mas sabe-se onde elas costumam acontecer com maior frequência. Por isso, um olho na previsão do tempo e outro nas opções para fugir dos "pontos negros". Não estacione seu carro em ruas baixas, próximo a córregos e rios.

O jornalista Ricardo Caruso é redator-chefe da revista "Oficina Mecânica"

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