São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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Stepanenko demite diretor do Dnaee

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro ato de Alexis Stepanenko, ao tomar posse ontem do Ministério das Minas e Energia, foi exonerar o diretor do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (Denae), Gastão Luís de Andrade, responsabilizado pelo aumento, em média, de 43,2% nas tarifas de energia elétrica. O aumento irritou o presidente Itamar Franco, que exigiu providências. Antes de saber que estava exonerado, Gastão afirmou que o aumento da tarifa foi recomendado pelo assessor especial do Ministério da Fazenda para a área de preços, José Milton Dallari.
Itamar Franco exigiu que as responsabilidades fossem apuradas. A partir daí, os responsáveis pelas áreas de preços nos Ministérios da Fazenda e das Minas e Energia começaram a tentar livrar-se da responsabilidade. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, começou a isentar seus assessores de culpa pelo aumento. "Nem eu nem Dallari autorizamos esse aumento. As razões para isso devem ser buscadas no Ministério das Minas e Energia", afirmou.
Ontem Fernando Henrique considerou "inaceitável" o reajuste: "As tarifas subiram sem o meu conhecimento. Alguém vai ter que pagar por isso, porque vai contra o esforço de estabilização."
Segundo FHC, um acordo entre o Ministério da Fazenda, o Dnaee(Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica) e as concessionárias estaduais de energia estipulava que o reajuste seria feito pela média dos últimos quatro meses e ficaria em torno de 38%. De acordo com os cálculos do ministro, as tarifas elétricas já acumulavam um crescimento real de 8,6% em outubro de 1993.
Stepanenko não quis comentar os motivos que o levaram a demitir Gastão. "A decisão é minha, faz parte das minhas atribuições e não gostaria de discutí-la", disse ele. Stepanenko esté estudando agora o que fará com o reajuste: o ministro poderá simplesmente cancelá-lo ou compensar na tarifa do mês seguinte o que foi considerado abusivo nesse aumento.
"A ordem inicial era para transformarmos as tarifas em URV. Mas aí recebemos uma contra-ordem para não fazer isso, para continuarmos a fórmula paramétrica. E essa ordem foi dada pelo doutor Dallari", rebateu Gastão. A fórmula paramétrical leva em conta os custos operacionais de cada empresa do setor.
Israel Vargas saiu em defesa de seu diretor. "A todo momento, o doutor Gastão esteve em contato estrito com o Ministério da Fazenda. Talvez tanto eu como o ministro tenhamos sido confundidos em nossa confiança por fatores que escapam tanto a ele quanto a mim", disse Israel Vargas.

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