São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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Fernando Henrique quer aliança com PFL

TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, comunicou à cúpula do PFL que é favorável à aliança eleitoral entre tucanos e pefelistas. Mas disse que tem de resolver "problemas internos" no PSDB antes de qualquer aliança. Ele pediu uma trégua nas negociações até solucionar tais problemas, que consistem na resistência da chamada "ala esquerda" do PSDB à aproximação com o PFL.
A conversa ocorreu durante café da manhã na casa do líder do PFL no Senado, Marco Maciel (PE). Além de FHC e Maciel, estavam presentes o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e o líder do partido na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA).
Depois do encontro com FHC, Bornhausen, Maciel e Luís Eduardo promoveram uma reunião "ampliada" da cúpula pefelista, durante almoço também na casa de Maciel. Foi decidida uma mudança na estratégia de aproximação com o PSDB: antes de discutir a aliança eleitoral com os tucanos, os pefelistas ameaçam lançar a candidatura do governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, e até mesmo fechar aliança com o PPR do prefeito Paulo Maluf.
"Temos uma estrutura partidária sólida em todo o país e é hora de os outros partidos dizerem se querem ou não o nosso apoio", disse um dos participantes da segunda reunião, o ex-presidente do PFL Hugo Napoleão, senador pelo Piauí. "E, caso não haja alianças, temos um candidato capaz de vencer as eleições, chama-se ACM."
O presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), outro dos que estiveram no almoço, foi mais explícito: "O PFL é forte o suficiente para não precisar posar de oferecido. Nós queremos o PSDB, mas antes o PSDB tem que notar que também precisa do PFL."
Obtida a trégua na aproximação com o PFL, FHC acionou o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, para conseguir do líder do partido no Senado, Mário Covas (SP), também uma trégua nas suas críticas aos pefelistas. Da conversa com Covas participaram o senador José Richa (PSDB-PR), e o líder tucano na Câmara, José Serra.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, comunicou durante o almoço que amanhã irá se encontrar com Maluf para discutir a possibilidade de aliança com o PPR. A idéia é mostrar ao PSDB que, se não houver aliança com os tucanos, o PFL pode fortalecer a campanha de Maluf. Segundo Bornhausen, no dia 25 deste mês ele deverá concluir o levantamento sobre o interesse da base do PFL nos estados em relação às alianças.
Na verdade a aliança com o PPR, tendo Maluf como candidato, não é aceita por ACM, que segundo Bornhausen é o "candidato natural" do PFL. Na parte reservada do encontro com Maluf, Bornhausen pretende saber do prefeito de São Paulo se ele vai mesmo se desincompatibilizar no dia 2 de abril para concorrer à sucessão presidencial. Vai informar ao prefeito das resistências no PFL à sua candidatura e saber se ele aceitaria também participar da aliança com o PSDB.

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