São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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O que interessa

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso sabe o que faz, como poucos. Nenhuma candidatura dá um passo na televisão, ao menos na Rede Globo, sem deixar claro o que acha da privatização das telecomunicações. ACM, por exemplo, que foi até ministro das Comunicações indicado pela casa, tem agora como tarefa maior, como prioridade do PFL, a revisão constitucional. Na revisão, a privatização.
Pois FHC, que anda namorando ACM, também já tomou posição numa área de tamanho interesse estratégico, sobretudo para alguns grupos. Os mesmos grupos, só para registrar, capazes de sustentar um alto cachê como o de Margaret Thatcher, que vem aí empunhando a bandeira da privatização. Aliás, Thatcher que entrou em campo semana passada, na Globo.
FHC entrou em campo ontem, no Diário de Revisão. "Sobre monopólio, qual é sua posição?" Posição de FHC: "Algumas áreas são estratégicas. O governo entende que é preciso flexibilizar mas não quebrar o monopólio. Em outras, que não são estratégicas, achamos que pode haver a quebra, o que não significa que a União fica sem o poder de conceder. Haverá concorrência."
Exemplos, em ambos os casos: "Na Petrobrás somos favoráveis à flexibilização. Temos uma emenda. No caso da Telebrás, achamos que não pode haver privatização da Embratel, mas pode haver abertura –eu acho isso– para as Teles, os serviços estaduais." São exatamente os tais serviços estaduais, as Teles, em particular a Telesp, que estão em jogo. São as máquinas de dinheiro do futuro. Um futuro próximo.
Comediantes
Enquanto isso, a dupla que emperra a revisão, Inocêncio de Oliveira e Humberto Lucena, inventou de processar Hebe Camargo, porque teria defendido o fechamento do Congresso. Foi o que registraram o Jornal da Record, o Rede Cidade, o TJ. A decisão, própria de ambos, ganha em ridículo pelo equívoco da acusação. Não foi Hebe, mas uma sua convidada.
Foi Dercy Gonçalves quem defendeu o fechamento do Congresso, no sofá, segunda. Hebe fez só algumas críticas, nada demais. Chamou os congressistas de "vagabundos". Dercy foi além, sob palmas: "Aquilo devia acabar. (palmas) Aquilo devia acabar. (palmas) Cambada de safados." Hebe ainda resistiu: "Não são todos." Não é o que acha Dercy: "É tudo uma cambada, porra."
É fácil entender por que Inocêncio e Lucena decidiram processar Hebe, em vez de Dercy.

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