São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula vai buscar apoio de Pedro Simon

DA SUCURSAL DO RIO

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que o programa de governo do seu partido, a ser aprovado em congresso nacional em Brasília em 30 de abril e 1º de maio, vai ser "mais amplo" que o PT. Lula afirmou que vai procurar lideranças partidárias como o senador Pedro Simon (PMDB-RS) e o deputado federal Waldir Pires (PSDB-BA), em busca de apoio à sua candidatura.
"Vamos trabalhar apoios de pessoas de outros partidos políticos para, ao menos, termos compromissos éticos de que o adversário principal é a direita", afirmou. Lula disse não temer um possível isolamento do PT no primeiro turno. "Não há candidato com mais base social do que eu. Estamos também repetindo a aliança de 89 com PSB, PPS, PC do B e PV."
Lula criticou o ministro Fernando Henrique Cardoso mas insistiu na possibilidade de aliança com o PSDB. "Só podemos descartar no dia em que o PSDB assumir candidatura própria. Mesmo assim podemos fazer uma aliança no segundo turno", declarou.
Lula rebateu afirmação de Fernando Henrique Cardoso que o chamou de "arrogante" e aconselhou "mais humildade" ao petista. "De arrogância e humildade o Fernando Henrique entende. Sentou antes de ser eleito na cadeira de prefeito e perdeu."
Lula disse não acreditar na possibilidade de aliança entre PSDB e PFL. "Não acredito que um partido que foi criado para escapar do quercismo caia nos braços do carlismo", referindo-se ao governador Antônio Carlos Magalhães.
Na entrevista aos correspondentes estrangeiros, Lula disse que, se for eleito presidente, não vê necessidade de passar toda a semana na "caixa de fósforos" do Palácio do Planalto. "Por que não ficar dois dias lá para fazer o que for oficial e nos outros dias conversar com prefeitos e outras coisas?" Para Lula, em Brasília os governantes ficam numa redoma, cercados de "bajuladores e lobistas".
Lula foi tratado com simpatia pela maior parte dos 45 jornalistas estrangeiros que participaram de entrevista coletiva. Depois da coletiva, James Brooke, do "The New York Times", classificou Lula como um "candidato forte, que se defende bem, sem precisar de assessores". Brooke disse que faz reportagens com Lula desde 80 e que ele "evoluiu muito".
Para John Blount, do "The Washington Post", Lula "tentou adaptar o discurso ao público". "Isso é comum", disse. A crítica mais dura foi de Isabel Vincent, do jornal "The Globe and Mail", do Canadá. Para ela, Lula usava as mesmas respostas a perguntas diferentes, com um discurso populista.

Texto Anterior: PSDB teme efeitos da inflação
Próximo Texto: Candidato vê risco de golpe
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.