São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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Maioria dos preços supera média

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior parte dos preços no atacado e no varejo estava, em janeiro último, acima da média verificada nos meses de setembro a dezembro de 1993. Já os preços da indústria fornecedora de matérias-primas e insumos estavam, na maioria, abaixo da média. Essas são conclusões de um estudo da consultoria Macrométrica, do economista Francisco Lopes. O estudo observa que estes setores podem tentar recuperar a diferença na passagem para URV (e real), acarretando pressões de aumento em toda a cadeia produtiva.
A pesquisa da Macrométrica levou em conta o critério definido pela Medida Provisória que criou a URV, pelo qual é considerado abusivo o preço que estiver acima da média de setembro a dezembro de 1993. Esse critério tem o objetivo de eliminar as remarcações feitas na véspera e nos primeiros dias do lançamento da fase dois do Plano FHC.
O estudo da Macrométrica procurou assim capturar os preços em janeiro, comparando-os com a média do quadrimestre anterior. No atacado, pelo índice da FGV, estavam acima da média os preços de 11 setores. Abaixo, de seis setores. No varejo, comsiderando o índice da Fipe, 12 setores tinham preços acima da média e quatro, abaixo.
Na indústria produtora de matérias-primas e insumos, a relação de inverteu. Cinco ramos tinham preços acima da média, dez, abaixo. Utilizou-se aqui uma cesta de índices.
No varejo, os preços que mais ultrapassavam a média eram os de alimentos in natura (13,8% acima da média), educação (10,14%) e serviços pessoais (8,93%). Abaixo da média estavam os preços de habitação (4,8% abaixo), transporte urbano (1,76%), recreação e cultura (1,67%) e vestuário (1,31%).
É interessante notar que, no atacado, os preços mais abaixo da média eram os do setor tecidos, vestuário e calçados, 3,61% abaixo do preço médio de setembro/dezembro de 93. E também a indústria produtora de fios e tecidos estava no último lugar, com preços 3,5% abaixo da média.
Toda a cadeia de roupas mostrava-se assim abaixo da média, o que é normal considerando-se o mes, janeiro, de férias e pleno verão. Em maio, com as roupas de inverno, esse setor pratica a maior alta de preços do ano.
Em todo plano de estabilização, nota o economista Francisco Lopes, há um momento de acomodação de preços desalinhados. Quem está abaixo da média trata de corrigir seu nível na moeda nova e isso sempre gera uma inflação chamada "corretiva". Por isso, Lopes entende que fase dois do Plano FHC deveria ser longa o suficiente para que ocorram essas acomodações antes da estréia do real.

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