São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Ex-ministro chileno vê custo inicial do plano

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-ministro da Economia e Fazenda do Chile Herman Buchi (84/89), um dos responsáveis pela estabilização econômica do seu país, disse ontem no Rio que todo programa de estabilização de países com inflação crônica tem um custo inicial, que pode ser uma recessão ou a perda de competitividade internacional dos produtos locais.
Buchi não quis fazer uma análise direta do plano do Brasil, alegando ser "um problema dos brasileiros", mas disse que o desafio dos responsáveis pela condução da política econômica brasileira é decidir entre essas duas variáveis.
No caso chileno, optou-se pela recessão. Já o programa da Argentina, baseado na sustentação da paridade cambial câmbio (dolarização), levou o problema para a balança comercial do país, hoje deficitária. No Chile, o problema já foi superado e o país cresceu a uma média de 6,5% de 84 a 93.
Herman Buchi disse que a "mentalidade indexada" que se formou no Cone Sul (Brasil, Argentina, Chile e Uruguai) por conta de anos seguidos de inflações elevadas, obriga também a que o problema da eliminação total da inflação seja tratado com cuidado nos países da região.
No caso chileno, segundo ele, optou-se por baixar a inflação a níveis aceitáveis (de 10% a 12% ao ano), mas não acabar definitivamente com ela a médio prazo, para não prejudicar os negócios que, segundo ele, já tinham na mentalidade inflacionária um dos seus pontos de sustentação.
Para ele, o Brasil também terá problemas semelhantes. mas não quis entrar em detalhes na avaliação.
Buchi participou ontem, no Rio de Janeiro, do seminário sobre o programa de privatização brasileiro promovido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

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