São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Barelli defende jornada de trabalho menor

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Trabalho, Walter Barelli, defendeu a redução da jornada de trabalho no Brasil para que possam ser criadas novas oportunidades de emprego. "Nós temos uma jornada muito grande, estamos trabalhando 44 horas (semanais). Por que não partirmos para 40 horas?", disse.
Com o lançamento da Campanha Nacional pelo Emprego, liderada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o ministro afirmou ontem no Rio que havia chegado o momento de se colocar a bandeira da redução da jornada. "Essa era uma bandeira sindical, hoje se transformou numa bandeira das empresas."
Ele defendeu esta e outras propostas de criação de empregos durante o 31º Fórum Nacional de Secretarias do Trabalho, realizado ontem no hotel Sheraton (no Vidigal, zona sul do Rio). Barelli citou, como exemplo, a proposta feita pela Volkswagen alemã a seus trabalhadores, de redução para 28 horas e meia. Ele disse, porém, que no Brasil não deveria haver redução da jornada e também dos salários, como na Alemanha.
O ministro afirmou que o Mapa do Mercado de Trabalho no Brasil, lançado anteontem pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou "a cara do Brasil, que não agrada a muita gente", como os baixos salários e o alto índice de subemprego.
Barelli disse que essa realidade só poderá ser mudada "com emprego e trabalho". "Governo e sociedade, todos devem atacar essa chaga social", disse. Além da redução da jornada de trabalho, para a criação de novos empregos, ele afirmou que os orçamentos municipais, estaduais e da federação "devem ser abertos no sentido da criação de empregos".
Para o ministro, "a tarefa mais difícil e mais nobre é a organização das empresas dos excluídos" –as cooperativas de trabalho. Ele afirmou que essa modalidade de trabalho vem sendo organizada, em todo o país, por organizações não-governamentais e até prefeituras. Ele citou o exemplo da Prefeitura de Cuiabá (MT), "que já criou várias cooperativas".
Lula
Comentando as reportagens especiais sobre desemprego publicadas ontem pela Folha, o virtual candidato do PT à Presidência, Luís Inácio Lula da Silva, disse que a o jornal "colaborou para que a população tenha dimensão de que a elite faliu. Essa situação é absurda e mostra que o pais está orfão. Não existe uma política para os excluídos da sociedade."

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