São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Por que a chuva pára a cidade

DA REPORTAGEM LOCAL

O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) estuda a liberação de US$ 500 milhões para São Paulo investir em um projeto de canalização de 14 córregos. Se der certo e o dinheiro sair será o maior projeto dessa natureza na cidade, através de um dos maiores empréstimos concedidos pelo BID.
São Paulo cresceu de forma desordenada, ocupando os fundos de vale e outras áreas com riscos naturais de alagamento. O problema dos alagamentos não está no rio, mas na forma como suas margens foram ocupadas. A maior parte das áreas atingidas por cheias em São Paulo estão justamente em margens de rios e córregos.
O dinheiro do BID ajuda, mas não resolve o problema. Vai permitir a canalização de 50 quilômetros de córregos. A cidade tem 400 quilômetros de córregos já canalizados e a metade precisa de reformas. Existem mais 800 quilômetros de córregos correndo a céu aberto.
Depois das enchentes nos fundos de vales, que são as áreas vizinhas aos córregos, os maiores problemas são causados por galerias subdimensionadas ou em condição precária.
A cidade cresceu sobre um tapete de concreto e asfalto. Quando chove a água não pode infiltrar no solo e tem que correr para as galerias e córregos.
Muitas das galerias, algums em regiões importantes como a da avenida Nove de Julho, foram construídas há 30 ou 40 anos. Nessa época não foi prevista a ocupação quase total dos terrenos e impermeabilização do solo. As galerias construídas não aguentam toda a água e as avenidas alagam.
Resolver problemas assim não é simples: para reconstruir a galeria da Nove de Julho, que precisa urgentemente de reparos, o trânsito teria que ser desviado causando transtornos em toda cidade.

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