São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994
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PFL exige o vice na aliança com PSDB

TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL ameaça desistir da aliança com o PSDB se não puder escolher o vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso. "Um partido com o tamanho do PFL não pode ficar sem o candidato a vice. Isso é o que identificaria a chapa", diz o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen. Hoje, um dos mais cotados para ocupar a vaga é o governador de Minas, Hélio Garcia, do PTB.
A proposta de aliança entre o PSDB e o PFL foi lançada há duas semanas pelo governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, em entrevista à Folha. Causou problemas ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso junto à "ala esquerda" do PSDB. A aliança já vinha sendo articulada desde o final do ano passado entre as cúpulas dos dois partidos.
O filho de ACM, Luís Eduardo Magalhães, líder do PFL na Câmara, é o candidato mais forte do partido para vice da aliança. "Nós decidiremos a eleição. Merecemos respeito e um tratamento digno, sem o qual não interessam alianças. Posso me lançar candidato a presidente da República e vencer", afirma ACM.
O deputado Roberto Magalhães (PFL-PE) –ex-relator da CPI do Orçamento e outro nome cogitado a vice– diz que ACM não está "blefando". Segundo ele, o PFL é "decisivo" na sucessão.
Roberto Magalhães explica os motivos pelos quais acredita que a cúpula tucana está tão interessada nos pefelistas: "Somos um partido muito forte no Nordeste, com oito dos dez governadores da região. Mas o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, está fortíssimo por aqui. E, segundo as pesquisas eleitorais, o PSDB está fraco no Nordeste. O PSDB é um partido dos grandes centros urbanos, principalmente no Sul e no Sudeste. Ou seja, sem o PFL o ministro FHC dificilmente vence Lula na eleição."
Mas o PFL também tem suas vantagens com a aliança. Primeiro, porque a aproximação com a social-democracia do PSDB reforça a imagem de modernidade que o partido deseja. "Nosso liberalimo moderno tem muito em comum com a social-democracia avançada", afirma o líder do PFL no Senado, Marco Maciel (PE).
Depois, porque, se FHC vencer, o PFL cumpre o que o próprio Magalhães chama de "vocação histórica" do partido em permanecer no poder. "É o partido mais competente em manter-se no poder que eu já vi", diz o líder do governo, Pedro Simon (PMDB-RS).
Ele não afasta a hipótese de se alinhar eleitoralmente com FHC e ACM, mas relata uma trajetória no mínimo curiosa: "Eles foram governo durante o regime militar. Ficaram até o final, mas apoiaram a chapa de Tancredo Neves. E foram governo na Aliança Democrática comandada por José Sarney. Perderam as eleições, mas viraram governo na administração Collor e ficaram até o impeachment. No primeiro dia do governo Itamar, estavam lá. É um fenômeno."

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