São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Clinton pede mais consumo e menos juros

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente norte-americano, Bill Clinton, pediu ontem ao governo japonês que permita o aumento da demanda dos consumidores de seu país e aos da Europa que baixem suas taxas de juros, com o objetivo de "dar a partida a um novo período de crescimento mundial, que irá criar mais atividade econômica".
O apelo foi feito na abertura da conferência dos ministros econômicos dos países do "Grupo dos Sete", que reúne EUA, Canadá, Japão, Reino Unido, Alemanha, França e Itália, as nações mais industrializadas do mundo. A reunião se encerra hoje em Detroit, Michigan (Meio-Oeste dos EUA).
Segundo Clinton, os EUA estão fazendo sua parte para ajudar o progresso econômico mundial, com os esforços para reduzir o déficit público federal. "Ou as nações industrializadas aderem ao dinamismo econômico do século 21 ou correrão o risco de uma espiral descendente de protecionismo", afirmou ele em defesa do que chamou de "economia global".
A reunião foi convocada por Clinton com claros objetivos domésticos. O desemprego é o principal problema econômico do país para 37% dos entrevistados em pesquisa de opinião pública divulgada ontem pelo Instituto Gallup. Em segundo lugar vem a questão do déficit público (24%). Depois, o problema dos impostos (13%), a inflação (7%) e o déficit da balança comercial (7%).
O discurso de Clinton procurou transferir para outros países pelo menos parte da responsabilidade do presidente dos EUA na resolução do problema do desemprego interno. A escolha de Detroit para sediar a reunião também tem implicações políticas. A cidade tem 115 mil desempregados e foi uma das que mais sofreram com a crise da indústria automobilística norte-americana. O Estado de Michigan é também um dos mais populosos do país.
"Se a economia mundial declinar, todos perdemos. Se ela se expandir, todos ganhamos. Este é um momento histórico e importante", afirmou o presidente, que também está usando a reunião dos ministros do Grupo dos Sete como tentativa de desviar a atenção do público norte-americano dos problemas relacionados com o caso Whitewater.
O presidente tem passado em Washington o mínimo de tempo possível. De Detroit, onde ficou no fim-de-semana e ontem, ele seguirá hoje para a cidade de Fort Drum, Nova York (Costa Leste do país), onde vai recepcionar os últimos soldados dos EUA de volta da Somália e tentará transformar em sucesso uma das mais vexatórias intervenções militares da história norte-americana. (Carlos Eduardo Lins da Silva)

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