São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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Acerto neste momento foi vitória, diz Maílson

DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado das negociações da dívida externa com o FMI (Fundo Monetário Internacional) foi uma vitória para o Brasil diante das circunstâncias atuais da economia. Foi o que afirmou ontem o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega. "O Brasil está com a inflação elevada e o Fundo precisa de metas, que só poderão ser cumpridas depois da implantação do real", disse Mailson.
Segundo o ex-ministro, a declaração do Tesouro americano foi vista como negativa, mas não poderia ter sido diferente. "Em nenhum caso nas negociações da dívida externa o Tesouro emitiu títulos sem a aprovação do FMI", afirmou. Para Mailson, o Tesouro sinalizou que a emissão dos bônus Brady é uma questão de tempo.
Para Fernão Bracher, presidente do Banco BBA Creditanstalt e ex-presidente do Banco Central, o FMI não poderia ter feito outra coisa. "Como o FMI iria fechar o acordo se o Congresso ainda nem votou o plano do ministro Fernando Henrique Cardoso?", pergunta.
Alcides Tápias, presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), disse que o acerto não foi a melhor saída para o problema da dívida externa, mas a compra de títulos do Tesouro americano foi uma boa solução para encaminhar o processo.
"Ao invés de esperar, o Brasil comprou títulos para dar como garantia e agora aguarda o governo americano fazer uma colocação especial de títulos para servir de garantia ao acordo. Depois, o Brasil troca os títulos que possui pela emissão feita pelos Estados Unidos", afirmou Tápias.
Luiz Carlos Simão, diretor-financeiro do Banco Sul América, usa a imagem do casamento para analisar o acerto. Se tudo fosse feito dentro das convenções, diz, esse casamento teria igreja enfeitada, noiva de véu e grinalda e noivo de fraque. Mas a cerimônia aconteceu na delegacia com a noiva grávida de seis meses. "Nos dois casos, as partes têm o direito de serem felizes para sempre. Só vai depender do comportamento delas", afirma.

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