São Paulo, sábado, 19 de março de 1994 |
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FMI lava as mãos e não paga para ver
GILSON SCHWARTZ
A implicância do FMI segue a lógica do chamado figurino ortodoxo de ajuste econômico. Os economistas do Fundo acham que zerar o déficit público é pouco. Seria preciso gerar um superávit, ou seja, arrecadar mais do que se gasta. Há receitas duvidosas ou que dependem de fatores que escapam ao controle do governo, como a venda de participações acionárias em Bolsas (ítem do Fundo Social de Emergência que garantiria US$ 900 milhões). E à medida que a inflação em cruzeiros reais vai acelerando, espera-se que o governo aumente mais os juros reais para garantir uma aterrissagem segura à nova moeda. Mais juros é igual a mais despesa para o governo. Há também medos políticos: o Orçamento, por exemplo, ainda não foi aprovado e ninguém sabe se com a queda da inflação, em reais, o governo será capaz de manter a casa arrumada, em plena temporada eleitoral. Além dessa diferença (o FMI acha que o ajuste fiscal é insuficiente), a viagem a Washington deixou claro que o apoio do governo dos EUA a FHC ainda não é total. Nas últimas semanas houve sinais positivos, como a ameaça não cumprida de sanções comerciais ao Brasil. Mas a nota divulgada pelo governo norte-americano insiste na necessidade de um acordo formal com o Fundo antes de um aval ao Plano FHC. O ministro da Fazenda disse que estava pregado à cadeira do ministério como a uma cruz. Parece que tanto o FMI quanto o governo Clinton preferiram lavar as mãos (e ver se FHC e seu plano serão crucificados) antes de acreditarem na hipótese da economia brasileira ressuscitar. Texto Anterior: Acerto neste momento foi vitória, diz Maílson Próximo Texto: Entenda os efeitos do acordo Índice |
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