São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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Primeiro salário em URV desperta muitas dúvidas

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os trabalhadores que receberam ontem sua primeira antecipação salarial em URV ainda tinham dúvidas sobre o cálculo dos salários e a conversão em cruzeiros reais. Com o holerite na mão, muitos começaram a calcular perdas ou ganhos e a verificar se suas empresas tinham feito as contas certas.
No caso dos metalúrgicos de São Paulo, que recebiam reajuste mensal pela inflação integral para todas as faixas salariais, os cálculos são simples. Para os trabalhadores da Ford do bairro do Ipiranga, por exemplo, o Dieese criou uma fórmula única que permite o cálculo do salário em URV: basta dividir o salário-hora em cruzeiros reais de fevereiro por 623.555 para saber o salário-hora em URV de março.
Wiliam de Vuono, membro da comissão de fábrica da Ford, disse que as principais dúvidas dos trabalhadores da empresa foram sobre como converter os salários em URV constantes nos horelites para cruzeiros reais. As perdas nominais em cruzeiros reais de 8% a 12% no adiantamento de março em relação ao de fevereiro, verificadas para toda a categoria em São Paulo, foram compensadas ontem pela Ford na forma de empréstimos, que serão descontados no dia 5.
Outra dúvida comum, tanto na Ford como na Lorenzetti, é se haveria perdas salariais. Eduardo José Coli, gerente de recursos humanos da Lorenzetti, diz que a antecipação ficou 10% menor em termos nominais. Mas destaca que os salários na empresa terão aumento real de 4% em URV.
A Lorenzetti soltou ontem circular, que foi fixada nos murais da empresa, com os valores das cerca de 75 faixas salariais em URVs e cruzeiros reais e editou uma cartilha de esclarecimento sobre a URV e forma de cálculo dos salários.
Um das perguntas mais comuns ontem, segundo ele, era se os salários que ficassem depositados nos bancos continuariam em URV até o saque. "Explicamos que não e todo mundo entendeu."

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