São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OS ESTILISTAS SÓ FAZEM MODA PARA GENTE MAGRA

EVA JOORY

A magreza de algumas modelos dos anos 90 –não dá para não lembrar a inglesa Kate Moss– tem levado a imprensa a discutir se não seria essa a causa de anorexia entre adolescentes. Bem, as mulheres magras já estavam "na moda" desde os anos 60, com nomes como Twiggy e Verushka, também inglesas. Nos dias de hoje, enquanto médicos e jornalistas se preocupam, alguns estilistas diminuem o tamanho de suas criações –sem falar na volta maciça da minissaia.
No Brasil, onde o tipo físico valorizado é o da mulher com seios, coxas e quadris, muitos estilistas só criam pensando em manequins 38/40. O estilista Fause Haten, 26, da marca Der Haten, é um dos que de fato não pensam em mulheres gordas em suas roupas: "Não falo isso por causa do fenômeno Kate Moss, mas sem dúvida a magreza é mais elegante. Para usar meus vestidos é necessário ter um corpo privilegiado.
Fause diz que "magreza é a nova imagem dos 90 e essa obsessão foi imposta pelos fotógrafos de moda. O corpo feminino não pode ficar tão limitado, porque cada um tem suas esquisitices".
O diretor da agência de modelos Elite, Sérgio Rocha Mattos, 30, garante que magreza não é um elemento fundamental para as brasileiras: "Aqui, produtores e fotógrafos dão preferência às modelos mais sensuais e mais encorpadas." Mesmo assim, Mattos diz que a maioria das modelos tem obsessão com dieta e cita exemplos de Carla Barros e Renata Kupidlowisky, terceira colocada no Look of The Year 93, que precisaram emagrecer para poder trabalhar fora: "No exterior as exigências para o peso são maiores".
A modelo Geanini Marques, 21, com 1,80cm e 56 kilos, acha que "o look anoréxico está tão na moda que hoje é cafona ser gordo". Geanini é dessas que sempre foi magra. "Mas apesar de fumar muito e beber de vez em quando, eu sempre me cuido, faço força para não comer bobagens." Para ela, o fenômeno da magreza está mais presente entre os estilistas do que entre as próprias modelos: "Um bom exemplo são as roupas da G e do Reinaldo Lourenço, criadas explicitamente para mulheres magras e altas. Usadas pelas vendedoras com este padrão ficam lindas. O problema é quando uma mulher mais gorda pensa em adquiri-las e vê que o caimento não ficou igual ao das vendedoras".

Texto Anterior: NO BRASIL SÓ SE COPIA O QUE CRIAM LÁ FORA
Próximo Texto: QUEM USA ESSAS ROUPAS DOS DESFILES?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.