São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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QUEM USA ESSAS ROUPAS DOS DESFILES?

EVA JOORY

É típico ouvir nos desfiles frases como estas: "Essas roupas não são para sair na rua, quem consegue usar isso?" etc. De fato, muitos estilistas parecem criar obras de arte e não roupas para o dia-a-dia. Em sua recente estada no Brasil, o francês Pierre Cardin deu uma pista: "Algumas peças servem apenas para dar visibilidade ao estilista e comprovar domínio da técnica".
O estilista Walter Rodrigues, 34, tem outra ponderação: "Na minha última coleção, fiz uma saias "Belle Époque" com estruturas de metal para servir de base para os blazers pretos, estes sim, os verdadeiros itens da coleção. Acabei vendendo as saias também" (veja na foto acima).
Sobre uma moda prática e facilmente usável, Walter diz que "quem veste a roupa coloca nela sua personalidade nela, deixando ver assim, se a roupa é prática para a própria pessoa".
Um estilista que arranca exclamações sobre o anticonvencionalismo de seus modelos é Alexandre Herchcovitch, 22. Ele admite que faz rooupas difíceis de serem usadas: "Não quero simplicidade, sei das dificuldades que roupas como corselets e ilhoses apresentam, mas se não mostrá-las perco minha identidade", justifica. Para Herchcovitch, é importante ser fiel a um estilo. "Ser ou não prático e acessível não importa muito. Acho legal ressaltar esquisitices, é o que escolhi para fazer".

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