São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bancos impõem cotas para atender todos os clientes

Aumento da demanda resulta na alta dos juros dos ACCs

DA REPORTAGEM LOCAL

É como controlar o estouro da boiada. Para administrar a demanda de exportadores por ACCs (Adiantamento de Contratos de Câmbio), os bancos estão adotando medidas gerenciais rigorosas para tentar contentar todo mundo. O Bamerindus decidiu dividir a liberação de recursos em cotas, um pouco para cada cliente. "Precisamos controlar a situação", diz Vicente Teixeira, diretor financeiro do banco. Em sua estimativa, os pedidos dos exportadores chegam a US$ 2,5 bilhões, mas suas linhas comportam US$ 1,5 bilhão. "Dependendo do cliente, tenho de me financiar no mercado para conseguir as linhas", explica.
Outras instituições, como o ING Bank, dono de US$ 600 milhões em linhas de comércio exterior, preferem selecionar o crédito. "Ficamos mais rigorosos na análise dos riscos de crédito dos clientes e a preferência do atendimento recai sobre as empresas de primeiríssima linha", diz Jorde Wiegerinck, vice-presidente do ING.
Os pedidos são tão superiores ao volume de dinheiro disponível que exportadores que queiram fechar negócios em lotes superiores a US$ 15 milhões, tenha o conceito que tiver, terão de rastrear vários bancos para conseguir um pedaço de cada um. "Num banco só ninguém consegue", conta Angelim Curiel, diretor de comércio exterior do Citibank.
Trata-se de um ótimo filão para os bancos que se reflete nos resultados positivos do balanço no final do ano. Há menos de um ano, os bancos internacionais cobravam juro de 1% ao ano mais a variação da Libor, referência mundial para o custo do dinheiro. Com o aumento da demanda, passaram a cobrar entre 2,5% e 3,5%.
O banco que repassa para os dólares ao exportador, por sua vez, cobra uma spread que varia entre 3% e 4%. "As taxas subiram de um modo geral", diz Candido Botelho Bracher, diretor financeiro do Banco BBA. Mesmo assim, ainda vale a pena para as empresas tomadoras desses recursos.
A Poliolefinas mantém uma linha permanentemente renovada de US$ 40 milhões em ACCs. O motivo é que o dinheiro de ACC é o mais barato do mercado. Além disso, a perspectiva de troca de padrão monetário traz atrativos para o endividamento em dólar.

Texto Anterior: Exportadores procuram se antecipar à chegada do real
Próximo Texto: O que está faltando para o 'Plano I-real'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.