São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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Exportadores procuram se antecipar à chegada do real

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa de troca da moeda criou uma corrida dos exportadores. Através da operação conhecida como ACC (Adiantamento de Contratos de Câmbio), instrumento equivalente ao desconto de duplicata para quem vende um bem ou serviço ao exterior, eles procuram se antecipar ao real, quando, imaginam, a variação do câmbio ficará mais rígida. O outro motivo é a alta taxa de juros.
Resultado: o saldo entre entradas e saídas de dólares referentes ao comércio exterior brasileiro em março deverá bater o recorde de janeiro, chegando aos US$ 4,2 bilhões. Segundo Angelim Curiel, diretor de comércio exterior do Citibank, há chance de o volume ser ainda maior. O resultado líquido de janeiro foi de US$ 4 bilhões.
A pressão por negócios é tão forte que o total de recursos emprestados pelos bancos internacionais para financiar o comércio internacional brasileiro está no seu limite. O ACC é feito com dólares emprestados por bancos estrangeiros aos seus pares no Brasil, que repassam os recursos para os exportadores.
Hoje, há um total estimado em US$ 18 bilhões de linhas de curto prazo. O volume não cresce mais por causa da falta do acordo formal da dívida externa brasileira. O Bradesco possui uma fatia de US$ 1,3 bilhão para financiar os exportadores e pensa em buscar mais dólares. Antônio Bornia, vice-presidente internacional do banco, diz que não houve escassez, mas os contatos estão sendo feitos no mercado financeiro internacional para atrair mais recursos.
"Acho que para nós não haveria problemas, sentimos isso em nossos contatos", afirma Bornia. "Além disso, temos a política de manter 40% das linhas financiadas com recursos próprios." A pressão por ACCs provocou também uma elevação nos preços. O juro passou de 5% ao ano para 9%, em menos de doze meses.
Bancos japoneses
Também para o Citibank, líder na oferta de recursos, com uma carteira de US$ 1,6 bilhão (era de US$ 1 bilhão há pouco mais de um ano) não deve haver problemas para trazer mais recursos. Mas, explica Curiel, seria importante o acordo da dívida para atrair aqueles bancos mais reticentes em relação ao Brasil, como os japoneses, por exemplo.

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