São Paulo, domingo, 20 de março de 1994
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Bancos têm maior lucro desde 89

RODNEY VERGILI; MARIO ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não foi só a inflação que cresceu em 1993. A rentabilidade dos bancos brasileiros também. O lucro sobre o patrimônio líquido foi de 14,28%, segundo análise da consultoria Austin Asis no balanço de 106 instituições. É o melhor resultado desde 1989, quando o retorno foi de 19,48%. Em 1992, a rentabilidade fechou em 9,79%.
O lucro do sistema financeiro nacional no ano passado esteve acima da média internacional de 12% a 13%, revela Alberto Borges Matias, professor da Faculdade de Economia e Administração, da USP e sócio da Austin Asis.
Somado, o lucro líquido dos 106 bancos atingiu o volume recorde de US$ 1,7 bilhão. Superou até mesmo o total de US$ 1,59 bilhão obtido de 1989.
Para este ano o cenário é outro. Se confirmada a queda da inflação, Matias espera redução nos ganhos dos bancos. Ele prevê redução nos ganhos com títulos públicos e aumento do retorno decorrente de operações de crédito.
O economista acredita que os virtuais tomadores de crédito ainda fiquem retraídos no início da estabilização econômica, com juros ainda altos. Depois de introduzido o real, podem triplicar, calcula.
A pesquisa da Austin Asis demonstra que os bancos voltaram ao perfil que tinham antes do Plano Collor. Os correntistas aprenderam a conviver com a taxa de inflação. Os depósitos à vista nas 106 instituições analisadas somaram US$ 2,09 bilhões –9,5% abaixo do valor real de 1989.
O saldo das cadernetas de poupança era de US$ 11,2 bilhões em 1989. Com o Plano Collor, caiu para US$ 4,9 bilhões em 1990. Houve recuperação a partir daí.
Hoje concentrado em operações entre instituições financeiras, o overnight movimentava US$ 22,8 bilhões no fim de 1993. O volume é somente 9,9% inferior ao da véspera do Plano Collor, quando pessoas físicas e jurídicas eram admitidas como aplicadores.
A busca dos investidores de proteção para o dinheiro das altas taxas inflacionárias acarretou um salto nos depósitos a prazo: de US$ 5 bilhões em 1989 para US$ 18,6 bilhões em 1993. Com mais depósitos, cresceu o volume emprestado. Foram US$ 83,5 bilhões em 93, 24,4% mais que em 89.

LEIA MAIS
sobre o desempenho dos bancos na pág. 2-14

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