São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 1994
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Brasileiro sintetiza superímã molecular

Solúvel, produto pode ser pincelado

HÉLCIO ZOLINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O pesquisador brasileiro Humberto Osório Stumpf, 33, sintetizou um novo tipo de ímã molecular que poderá revolucionar a informática e a medicina. O "superimã" de Stumpf, como é chamado no meio científico, é solúvel, transparente e adequado ao desenvolvimento de computadores mais velozes e de aparelhos cirúrgicos minúsculos.
"Ele permite também que se pinte com um pincel uma superfície que, depois de seca, se torne uma superfície magnética", exemplifica Stumpf, cuja descoberta foi capa da revista norte-americana "Science" em julho passado.
Stumpf é professor do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Sua descoberta é fruto de um trabalho de doutorado que levou quatro anos (1989 a 1993) para ser desenvolvido na Universidade Paris-Sul, na França.
O cientista afirma que, ao contrário dos ímãs clássicos (opacos e pesados), o novo ímã é solúvel e mais leve. Isso permite que seja empregado na fabricação de tintas para xerox, na miniaturização de sistemas de armazenamento de informações e até na medicina, como instrumento para implante.
Na medicina, Stumpf acredita que o superímã venha revolucionar os aparelhos de marcapassos –que se tornariam menores, mais leves e provocariam maior alívio e conforto para os usuários.
Um dos aspectos que chama a atenção nesse superímã é sua estrutura tridimensional formada por anéis hexagonais entrelaçados como um colar. "É um magneto molecular que possui uma estrutura cristalina bem determinada com a temperatura crítica mais elevada de 35 K (graus Kelvin), superior às marcas já obtidas por japoneses, americanos e europeus.".
Stumpf conseguiu ainda sintetizar outros 12 magnetos, com temperaturas críticas variando de 15 K a 35 K. "O ideal é que eles fossem obtidos à temperatura ambiente", diz. Ele estima que isso seja possível dentro de cinco ou dez anos.

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