São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 1994 |
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Rios e trilhos O avanço dos trabalhos na hidrovia Tietê-Paraná e a previsão de que um trecho de 1.040 km esteja navegável já em abril trazem à tona a importante discussão da matriz de transportes utilizada no país. Esse trecho entre Goiás e Piracicaba estará pronto após a inauguração da segunda eclusa de Três Irmãos, prevista para o mês que vem. Mantido o cronograma, o trecho navegável será estendido para 2.400 km até outubro, ligando SP a Foz do Iguaçu, na divisa do Paraguai. Essa obra tem relevância não só pela magnitude da carga que poderá ser transportada, mas por interligar o maior centro econômico do país com os parceiros do Mercosul. A formação de grandes blocos é uma realidade mundial e a integração do Brasil no Cone Sul depende não só de acordos comerciais, mas de vias concretas de comércio. É sabido que o transporte fluvial é mais econômico do que o ferroviário e chega a custar um terço do transporte feito por rodovias. Por razões históricas, todavia, o Brasil subaproveita suas possibilidades hídricas. Sob impacto da instalação da indústria automobilística, no governo Juscelino Kubitschek, e, posteriormente, pela necessidade política de obras rápidas no regime militar, o transporte rodoviário teve absoluta predominância nos investimentos das últimas décadas. O transporte por estradas encarece os bens brasileiros. E as iniciativas de investir progressivamente mais em hidrovias e ferrovias só podem ser bem-vindas. Ainda que exijam maiores inversões iniciais e levem mais tempo para serem concluídas, tais iniciativas prepararão o país para uma competição internacional mais acirrada a cada dia. Por fim, se não bastasse a questão dos custos, a utilização de meios de transporte não-rodoviários e, nas cidades, a priorização dos transportes coletivos são aconselháveis do ponto de vista energético e ecológico. Afinal, o menor consumo de petróleo preserva uma fonte de energia não-renovável. E melhores transportes coletivos possibilitam diminuir os automóveis em circulação, gerando menos poluição e melhor qualidade de vida. Texto Anterior: Lula apanha do PT Próximo Texto: Dilemas eleitorais Índice |
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