São Paulo, terça-feira, 22 de março de 1994![]() |
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Pecuarista defende preço do leite em URV
SEBASTIÃO NASCIMENTO
Roberto Jank Júnior, responsável pelo manejo e seleção dos animais da fazenda Agrindus, acredita que sim: "O produtor de leite perde e muito com a inflação alta e crônica, pois recebe seu pagamento em média 25 dias após a entrega do produto, enquanto a indústria vende e recebe à vista", afirma. Roberto quer o preço do litro de leite cotado em URV. "As perdas para o pecuarista deixarão de existir a medida que a URV conseguir estancar e derrubar a inflação", calcula. A época do ano colabora ainda mais para seu otimismo. "O momento é favorável. A conversão no setor acontecerá na boca da entressafra, quando a oferta de leite começa a escassear", afirma. Roberto acha que a inflação desaba, "principalmente quando o real substituir a moeda atual". Seu irmão, Fernando Jank, acrescenta que a existência de um padrão monetário estável afasta a insegurança do produtor e estimula novos investimentos no rebanho. Sebastião Teixeira Gomes, professor da Universidade de Viçosa (MG), vai mais longe. "O leite aguarda mudança em toda cadeia. Não adianta o produtor receber em URV, se a usina não negocia em URV e o consumidor não compra o produto por este indexador". Gomes considera importante a diminuição no prazo de pagamento indústria-pecuarista. "Mesmo com a URV, o produtor deve receber no máximo dez dias depois da entrega do leite. Somente assim o setor terá chance de se aproximar do raciocínio da URV, que é a conversão diária". Considerado um dos maiores estudiosos do setor de leite no país, Gomes é contrário a conversão em URV pela média dos últimos quatro meses. "Depois da liberação de preços, o leite passou a ser um produto que apresenta sazonalidade, ou seja, tem cotação alta na seca e baixa na época das águas". Ele lembra: "Se a conversão tomar como base os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, não haverá uniformidade. Nesse período de 93, os preços estavam em patamar baixo". Segundo Gomes, se convertidos segundo a MP 434, que criou o indexador, os preços causariam efeitos diferentes. Isto penalizaria o produtor mais especializado, que tem custo de produção uniforme durante o ano, ajudando somente o de pouca especialização, cujas despesas são pequenas no período das águas, quando a alimentação do gado é farta. Como o objetivo é estabilizar a economia, o ideal, sugere Gomes, é a conversão pela média dos últimos doze meses. (SN) Texto Anterior: Manejo rústico garante alta produção Próximo Texto: Criadores de quarto-de-milha vendem 282 cavalos em 4 dias Índice |
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