São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 1994
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Congresso tenta última saída para revisão

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso revisor, senador Humberto Lucena (PMDB–PB), e os líderes dos partidos que apóiam a revisão constitucional, tentam colocar em prática, a partir de hoje, o que consideram ser a última tentativa para acelerar as votações da reforma constitucional.
Os líderes do PMDB, PFL, PSDB, PTB, PPR e PPS reúnem-se hoje de manhã no gabinete da liderança do PMDB na Câmara para tentar formar duas comissões temáticas, que vão negociar pontos consensuais das reformas tributária e previdenciária. O objetivo é apresentar ao plenário do Congresso revisor um texto "previamente" costurado, para garantir a aprovação.
As duas comissões deverão se reunir às terças, quartas e quintas-feira. A decisão foi tomada ontem em reunião de todos os líderes com o presidente do Congresso revisor, senador Humberto Lucena (PMDB–PB), e da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PFL–PE). O relator, deputado Nelson Jobim (PMDB–RS), concordou em elaborar pareceres acatando as negociações dos líderes, "para possibilitar uma votação mais tranquila".
O PPR e o PFL não conseguiram apoio dos demais partidos para priorizar a votação dos capítulos da Ordem Econômica. O tema só deve entrar em pauta após os feriados da Páscoa. As discussões da Ordem do Dia devem começar às 15h, para atrair os congressistas ao plenário mais cedo. Atualmente, a Ordem do Dia tem sido iniciada por volta das 17h.
Os líderes concluíram, na reunião de ontem, que o governo é um dos responsáveis pelo baixo quórum nas votações. "O governo usou a revisão como um copo descartável. Aprovou o FSE (Fundo Social de Emergência) e depois jogou fora", disse o líder do PPR no Senado, Epitácio Cafeteira (MA). Empresários
O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, encampou ontem a proposta de cerca de 300 empresários que foram a Brasília defender a revisão constitucional. "O plano pode dar certo sem a revisão, mas sua durabilidade depende de reformas profundas", afirmou o ministro após receber a "Carta ao Poder" assinada por todas as entidades patronais. FHC se encarregou de dar um tom político ao ato na sede da CNI ao dizer que "a Carta ao Poder desenha muito do futuro do Brasil". FHC reforçou a crítica dos empresários à morosidade do Congresso Nacional em realizar a revisão "Enquanto o Congresso se retrai, outros setores avançam", afirmou FHC, sem se referir diretamente à insatisfação dos militares com os reajustes salariais do Legislativo e Judiciário.

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