São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 1994 |
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Senado cobra de FHC custo do acordo
GUSTAVO PATÚ
A convocação, ainda sem data, foi decidida ontem por senadores da Comissão de Assuntos Econômicos. O presidente da Comissão, João Rocha (PFL-TO), tentará negociar a ida de FHC ou Malan ao Senado ainda esta semana. O prejuízo teria ocorrido porque o governo, sem obter o aval do FMI (Fundo Monetário Internacional), precisou comprar de terceiros títulos norte-americanos para garantir os novos papéis da dívida brasileira, a serem emitidos até 15 de abril. O normal seria comprar as garantias diretamente do Tesouro dos EUA, com aval do FMI. Como o mercado para esse tipo de título, chamado de cupom-zero, é restrito, as compras já feitas ou anunciadas pelo governo brasileiro elevaram a cotação do papel. É do conhecimento do mercado financeiro internacional que o Brasil precisa aportar, de imediato, US$ 2,8 bilhões em garantias, mas cerca de US$ 1,6 bilhão ainda serão oferecidos no futuro. FHC e Malan não esclareceram, até o momento, quanto o governo gastou e quando foram comprados os papéis. Ainda assim, só o anúncio de que as garantias serão adquiridas junto ao mercado poderá elevar os gastos com as futuras compras, raciocinam senadores como Espiridião Amin (PPR-SC), Ronan Tito (PMDB-MG) e Gilberto Miranda (PMDB-AM). Assessores da equipe econômica já têm pronta parte da argumentação. FHC e Malan deverão defender que o uso das reservas foi necessário para salvar o acordo da dívida, sem o qual o país não normalizará suas relações financeiras internacionais. Para explicar as compras em sigilo, o argumento é justamente a necessidade de evitar o encarecimento dos papéis. O acordo da dívida implica a troca dos papéis atuais por uma combinação de cinco tipos diferentes de novos papéis. A operação dará um desconto inicial de US$ 4,3 bilhões sobre o valor do débito. Essas condições, para renegociar US$ 35 bilhões, foram aprovadas pelo Senado no final de 93. Texto Anterior: Câmbio contido fará país perder competitividade Próximo Texto: Oligopólios são "bodes expiatórios", diz Arida Índice |
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