São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 1994
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Câmbio contido fará país perder competitividade

DA SUCURSAL DO RIO

O diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) Benedito Moreira, disse ontem que o Brasil poderá ter problemas de balança comercial semelhantes aos da Argentina (saldo negativo) em três anos, caso o governo decida "engessar" a taxa de câmbio na próxima fase do seu programa de estabilização econômica.
Para Moreira, que foi por muitos anos diretor da extinta Cacex (Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil), a evolução dos custos internos provocará perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo, ao mesmo tempo em que a taxa de câmbio contida facilitará o crescimento das importações em níveis indesejáveis, desorganizando o sistema interno de produção.
Moreira disse que se o governo adotar uma paridade fixa entre o real e o dólar, terá que adotar medidas na área tributária para evitar que as exportações sejam prejudicadas. Segundo seus cálculos, apenas 1/3 dos mais de US$ 30 bilhões de reservas de que o Brasil dispõe hoje é de origem comercial, sendo o restante de origem financeira e especulativa. A estabilização trará a queda dos juros internos e, com ela, a fuga desses capitais, desestruturando uma das bases do plano, diz.

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