São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Lucena critica posição de Itamar e mantém para hoje votação da MP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso, senador Humberto Lucena (PMDB-PB), disse ontem à noite que a sessão prevista para as 10h de hoje a fim de apreciar a MP (medida provisória) 434 está mantida, apesar de as lideranças partidárias no Palácio do Planalto decidirem adiá-la.
"Não tomo nem conhecimento da decisão que eles (os líderes no Palácio do Planalto) tomaram. A sessão e a pauta estão mantidas", afirmou o senador.
A decisão de Humberto Lucena, se colocada em prática, complica ainda mais a crise entre os poderes. Sem uma solução negociada, pode ser aprovado um projeto de conversão que mantém o dia 30 como data referência para a conversão da URV.
O presidente do Congresso repetiu à noite as críticas que havia feito pela manhã: "O Congresso não está aqui para servir ao governo, mas para servir à Nação".
O senador do PMDB disse ainda que não age atendendo a pedido de quem quer que seja com relação à pauta do Congresso. "Ela é da minha competência exclusiva".
Assessores dizem, entretanto, que Lucena está irritado com a conduta do presidente de Itamar Franco ao não comandar pessoalmente as negociações, transferindo-as para o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e de querer enfrentar de qualquer maneira o Legislativo e o Judiciário.
Durante a entrevista na noite de ontem, Lucena afirmou ainda que "a crise é artificial" e ironizou a participação de Itamar na condução da busca de soluções.
"Lamento que o presidente da República continue fora do cenário da negociação. Ele é que deveria comandar o processo de entendimento, já que estamos no presidencialismo", declarou.
Apesar da ausência do presidente apontada, disse o senador paraibano, "o ministro Fernando Henrique Cardoso está fazendo um esforço para por um ponto final à suposta crise".
Lucena disse ainda que não vê motivos para a adoção de medidas excepcionais, como a decretação de estado de sítio ou estado de defesa.
"Essa é uma crise puramente de caráter administrativo, que não pode ser transformada numa crise político-institucional", disse. O presidente do Senado afirmou ainda que essas propostas devem-se ao "exercício da imaginação criadora, no mau sentido".

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