São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Reservas só saem após acordo

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As reservas internacionais, que representam o volume de moeda forte em poder do Banco Central, registram hoje o valor recorde de US$ 35 bilhões. Esse número ainda não foi afetado pelas compras de títulos norte-americanos feitas pelo governo nos últ
imos dias, com o objetivo de dar garantia ao acordo da dívida externa. Somente quando o acordo for concluído esse dinheiro deixará as reservas.
A compra dos títulos de garantia da dívida –chamados cupom zero– funciona como mais uma modalidade de investimento das reservas. Quando o acordo da dívida for concluído, os títulos de garantia serão entregues aos credores. Praticamente todos os recursos das reservas estão aplicados a juros em torno de 5% ao ano, principalmente no BIS (Banco de Compensações Internacionais), da Suíça, uma espécie de banco central dos bancos centrais de todo o mundo.
O valor das compras necessárias em cupom zero foi estimado, no mês passado, em cerca de US$ 4,4 bilhões. O governo mantém em sigilo o valor das aquisições já feitas, porque essa informação afeta a cotação dos títulos. Usar as reservas para a compra das garantias foi a alternativa encontrada pela equipe econômica quando o FMI (Fundo Monetário Internacional) negou um empréstimo para a operação.
A manutenção de um nível elevado de reservas internacionais é fundamental para o êxito do plano econômico do ministro Fernando Henrique Cardoso. A intenção da equipe é utilizar as reservas para dar garantia, ou lastro, à futura moeda, o real. Ou seja, haverá uma proporção constante entre a quantidade de reais emitida pelo BC e o valor das reservas, como forma de dar credibilidade à moeda e evitar a inflação.
Somente há dois anos o país tem um nível de reservas considerado confortável pelo governo –e até excessivo para alguns economistas. A legislação determina que o mínimo de reservas seja equivalente a quatro meses de importações, o equivalente a US$ 8 bilhões.

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