São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Estudo pode ensurdecer baleias do Pacífico

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um plano para testar o aumento da temperatura do mar com auxílio de alto-falantes no fundo do oceano Pacífico está provocando o receio de que baleias e outros mamíferos aquáticos fiquem surdos.
O plano, desenvolvido na Universidade da Califórnia em San Diego, quer colocar, em dois anos, um alto-falante perto de Point Sur (sul da Califórnia) e outro perto de Kauai (Havaí). Ambas as regiões são hábitats de focas e baleias.
O objetivo é investigar o aquecimento global. Ruídos altos, comparados pelos cientistas a "alguém arranhando um tambor", seriam emitidos pelos alto-falantes durante 20 minutos a cada quatro horas.
"Temos a preocupação de que seja um som persistente, que possa atravessar longas distâncias e ter efeitos em mamíferos marinhos próximos e distantes", disse Hillary Fedman, bióloga do Centro Marinho de Mamíferos, perto de San Francisco.
Os ruídos atravessariam milhares de quilômetros dentro do oceano e seriam recolhidos por dispositivos da marinha dos EUA em lugares tão distantes quanto a Nova Zelândia.
Como o som viaja mais rápido em água quente, os cientistas acreditam que poderão detectar mudanças de temperatura no oceano medindo a velocidade dos ruídos.
Segundo Feldman, houve indicações no passado de que outros sons, de tipo explosivo, teriam levado mamíferos marinhos à perda da audição e até à morte.
"Ainda não conhecemos de verdade o efeito desses ruídos para excluir esse tipo de implicação", afirmou Feldman, que trabalha no resgate de animais marinhos encalhados na costa californiana.
A pesquisadora disse que ambas as áreas selecionadas para o experimento contêm várias espécies de animais ameaçadas de extinção.
A audição é vital para as baleias e outros mamíferos marinhos, que usam o som para se comunicar e se orientar. A surdez pode ser, para esses animais, sinônimo de morte.

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