São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Preso líder do sequestro de d. Aloísio

DENISE PEROTTI
DA AGÊNCIA FOLHA

A polícia prendeu mais dois sequestradores do cardeal-arcebispo de Fortaleza, dom Aloísio Lorscheider, 69. O líder do grupo, Antônio Carlos Barbosa, o "Carioca", foi recapturado ontem no distrito de Piranji, em Ibaretama (CE). João da Silva Queirós, o Maturi, foi preso em Itapiúna.
O único dos 14 sequestradores que continua foragido é Lucélio Vasconcelos da Silva, o Inchador. Segundo o coronel Manoel Damasceno, chefe da Casa Militar do Ceará, a polícia realiza um cerco no distrito de Piranji, onde existem indícios de que esteja escondido o último sequestrador.
Segundo o coronel Damasceno, Maturi foi preso na fazenda Juazeiro, em uma casa abandonada. "O Carioca tentou fugir. Ele deu um tiro com a última bala que tinha, mas como errou, correu para o mato", afirmou. Outro grupo de policiais que vinha em sentido contrário conseguiu prendê-lo.
Carioca nasceu em Fortaleza e morava no Embu (São Paulo). Fugiu do Instituto Penal Agrícola de São José do Rio Preto (SP) em 1992. É conhecido pela polícia paulista como "Zé Carlos".
Dom Aloísio e mais 11 pessoas foram levados como reféns há uma semana durante uma rebelião no Instituto Penal Paulo Sarasate, em Eusébio (Grande Fortaleza). Um grupo de presos rendeu dom Aloísio, que fazia uma visita ao instituto. Dois presos morreram na rebelião. Após as negociações, 14 presidiários deixaram o local, levando 12 reféns em um carro-forte. O sequestro durou 18 horas. Os fugitivos libertaram os reféns, deixaram o carro em Quixadá (CE) e fugiram. Um dos sequestradores foi morto pela polícia na fuga.
Dom Aloísio disse que perdoa os sequestradores e que vai visitá-los quando forem para o instituto. "A única coisa que eu quero é que não os maltratem, porque a pena a Justiça já deu", afirmou. Ele declarou que vai continuar seu trabalho normalmente no prisão. Segundo ele, o que aconteceu foi um "acidente de percurso".
Dom Aloísio visitou anteontem Francisco Roberto Muniz, o Robertinho, sequestrador que foi baleado durante a fuga e que está internado no Instituto José Frota.
Para o cardeal-arcebispo, os sequestradores chegaram a ser ingênuos em determinados momentos. "Eles não estavam preparados para fugir. Eu tive até que dar conselhos sobre o caminho", disse.

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