São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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"Ele era a nossa liberdade"

DA AGÊNCIA FOLHA

O líder do sequestro de dom Aloísio Lorscheider, o "Carioca", 28, disse não estar arrependido do que fez pois seria o único jeito de "ganhar a liberdade". Ele falou à Folha por telefone, de Quixadá, logo após ser recapturado. Leia trechos abaixo:
Folha - A idéia do sequestro já existia ou foi decidido na hora?
Antônio Carlos de Souza Barbosa, o Carioca - Planejamos dez dias antes. Mas não decidi sozinho. Eu e uns companheiros combinamos quando ficamos sabendo da visita do dom Aloísio.
Folha - Como ficou sabendo que a visita seria naquele dia?
Carioca - Isso eu não posso contar. Só falo que ouvi umas conversas lá dentro e fiquei pensando.
Folha - Por que vocês escolheram sequestrar o dom Aloísio?
Carioca - Ele era nossa liberdade. Sabia que se pegasse ele estava livre, ninguém ia segurar a gente.
Folha - Você se arrepende de ter sequestrado dom Aloísio?
Carioca - Mais ou menos, porque ele era a nossa salvação. Contra ele eu não faria mais nada. Dom Aloísio é uma pessoa quase santa, muito legal com a gente.
Folha - Vocês matariam o cardeal se houvesse reação policial?
Carioca - Acho que não. Ninguém queria fazer mal para ele.
Folha - Como foi o comportamento de dom Aloísio na fuga?
Carioca - Ele é uma pessoa muito calma e fria. Em algumas horas, deu segurança para a gente e falava o tempo todo que queria que a gente ganhasse a liberdade.
Folha - Foi divulgado que você é do Comando Vermelho.
Carioca - Eu conheci alguns caras da Falange Vermelha no Rio, mas estou afastado deles.
Folha - Quem você poderia sequestrar de novo para fugir?
Carioca - Agora não é hora de pensar nisso, mas o diretor do Instituto Penal, Raimundo Brandão, seria uma boa pessoa.

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