São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Justiça derruba ação de racismo contra clube

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz Pedro Paulo Mallet Preuss, da 4ª Vara Cível de Pinheiros, deu ganho de causa ao Clube Paineiras do Morumby (Morumbi, zona sul) na ação movida contra ele pelo jornalista Raimundo Nonato Gadelha. Desde novembro, Gadelha vem acusando o clube de racismo. Ele diz que o clube o recusou como sócio pelo fato de ele ser nordestino. O advogado do jornalista vai recorrer.
O juiz fundamenta sua decisão no fato de que o clube é uma entidade de caráter civil, que é regida por um estatuto interno e, segundo este estatuto, o clube pode vetar a entrada de associados sem apresentar os motivos.
O juiz negou também o pedido de indenização por danos morais ao jornalista. Segundo Gadelha, o clube feriu sua honra ao alegar que ele não foi aceito "por motivos que não podem ser revelados, para proteger o próprio pretendente a sócio".
Para o jornalista, "o clube deve dizer porque me vetou como sócio, uma vez que eu tenho emprego, vários livros publicados no Brasil e no exterior e nada que me desabone", diz. A direção do clube Paineiras do Morumby não quis comentar a decisão do juiz.
Na decisão, o juiz afirmou que, se houve dano à honra de Gadelha, isto foi causado por ele mesmo, ao denunciar o clube na imprensa. O juiz também afirmou que a denúncia tem caráter "eleitoreiro".
Gadelha criticou a decisão do juiz lembrando que registrou um ofício em cartório se comprometendo a não ser candidato. "Eu nem sou filiado a partido", diz. Ele lembrou também que o estatuto do clube não pode ser superior à Constituição, que proíbe o racismo. O estatuto do clube veta a entrada de pessoas com "defeito físico repelente ou doença mental incômoda a terceiros".

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