São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Restaurante 'enxota' clientes à noite

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Jantar depois da 1h da manhã em São Paulo requer paciência e bom humor. Poucos restaurantes da cidade mantém suas cozinhas abertas de madrugada.
Entre os que ficam abertos, pouquíssimos respeitam os seus próprios horários –e não enxotam o cliente com "golpes baixos".
Os recursos utilizados para convidar o notívago a se retirar são bem conhecidos: empilhar cadeiras ou toalhas das mesas vizinhas à do cliente é um clássico.
Também se vê muito de madrugada garçons sentados ao fundo do restaurante, em grupo, sem ânimo para se levantar. Ou casas que simplesmente fecham as portas uma hora antes do seu horário (leia três casos abaixo).
No afã de se livrar do cliente, há restaurantes que oferecem a conta, sem que ela sequer tenha sido pedida, e se "esquecem" de oferecer sobremesas ou café.
O quadro publicado abaixo foi elaborado com base nas informações fornecidas há sete dias pelos restaurantes citados. Entre segunda e terça, a reportagem da Folha testou a veracidade dos dados passados pela metade das casas.
Apenas sete dos 14 restaurantes visitados demonstraram respeitar os próprios horários e funcionavam a pleno vapor no horário da visita. São eles: The Place, Domani, O Leopolldo, Yellow Giraffe, Famiglia Mancini, Café Cancun e Ficcus.
Problemas variados foram registrados nos outros sete. O mais comum é a casa fechar antes da sua hora por falta de clientes.
"Não tenho ninguém na casa: fechei. As cadeiras já estão empilhadas", informou, à 1h de terça, o gerente da pizzaria Cristal, Carlos Eder. A casa deveria aceitar clientes até a 1h30.
A mesma coisa se viu no David's e no São Paulo Grill, fechados com 30 ou 60 minutos de antecedência em relação ao horário previsto pelas próprias casas.
O recurso de informar que "fechamos com o último cliente" às vezes é apenas parcialmente respeitado, como demonstrava o Lanterna às 2h20 de segunda. Ainda havia clientes na casa quando todas as cadeiras "dormiam", empilhadas sobre as mesas.
"A essa hora, em São Paulo, só consigo comer sanduíche", reclamava a empresária Vera Cristina Martins, no Lanterna.

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