São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Senna nega que carro esteja fora das normas

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ayrton Senna negou ontem que o novo modelo da Williams, o FW16, esteja fora dos regulamentos da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Afirmou que não teme a vistoria que a entidade realiza hoje nos carros que disputam o GP Brasil domingo, em São Paulo.
A entrevista coletiva que o piloto concedeu ontem à tarde em Interlagos foi tumultuada pelo grande número de jornalistas e fãs.
Senna disse que não vê a hora de começar a corrida porque está com muita vontade de pilotar, "e para matar essa vontade é sentar no carro e acelerar".
"Se eu dissesse que não estou um pouco ansioso, não estaria dizendo a verdade. Isso é normal", completou. Senna encerrou seu treinamento físico e a partir de agora está concentrado exclusivamente na disputa de Interlagos.
Para pilotos e equipes, o GP Brasil começa amanhã, com os treinos livres matinais e os oficiais, à tarde.
Senna falou com firmeza ao refutar a possibilidade de que haja qualquer irregularidade no carro preparado pela Williams. "Não existe nada de errado. A equipe consultou os engenheiros da FIA para fazer as alterações no carro. Está tudo dentro do regulamento."
Os projetistas da equipe, Patrick Head e Adrian Newey, aperfeiçoaram a traseira do modelo antecessor, o FW15. O carro é mais estreito e, atrás, muito mais baixo. Tem a asa interna do aerofólio em forma de bumerangue, acompanhando o perfil do cockpit e deixando livres as áreas por onde passa o ar.
As dúvidas quanto à legalidade do carro surgiram com outra novidade: a carenagem do semi-eixo traseiro, cobrindo os braços da suspensão com míni-aerofólios em fibra de carbono. As duas peças têm função aerodinâmica. Como são acopladas à suspensão, se movem. Peças aerodinâmicas móveis são proibidas.
O tricampeão fez comentários sobre os novos regulamentos da F-1, que vetam o uso da eletrônica. Segundo ele, os carros contam com outros recursos e, com certeza, estão mais velozes ainda. A experiência do piloto vai contar, de acordo com Senna, na estratégia de corrida, quando se poderá tirar proveito das paradas para reabastecimento e troca de pneus.
"É imprevisível. Não dá para saber quem vai andar bem. A gente precisa esperar os treinos para depois ter uma idéia", afirmou.
Senna desponta como o favorito para conquistar o título deste ano. Nos testes coletivos de Imola, Itália, ele só não foi o mais rápido no último dia –quando confessou que já não estava preocupado com os tempos.
O piloto brasileiro comentou a proibição da FIA de que o vencedor comemore o resultado com a bandeira de seu país no carro, como ocorreu com ele em 93 em Interlagos. Disse que espera uma solução para o problema: "As corridas, acima de tudo, são feitas para os torcedores". A proibição visa impedir que alguém passe para o piloto qualquer material que possa alterar o peso mínimo do carro.

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