São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Guerra de tribos mata cerca de mil no Burundi

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cerca de mil pessoas morreram no Burundi (centro-leste da África) em dois dias de conflitos entre as tribos hutu e tutsi, com envolvimento do Exército, afirmou ontem o Ministério do Interior. O presidente Cuprien Ntaryamira foi à rádio do país e pediu que as tropas deixem as áres de combates, ou serão culpadas pelas mortes.
A tribo hutu é a maior etnia do país. Os tutsi dominam o Exército. Os piores combates acontecem no nordeste do Burundi, próximo à fronteira com Ruanda e Tanzânia.
Ssegundo o ministro do Interior e da Segurança Pública, Leonard Nyangoma, o Exército sitiou e atacou os redutos hutu de Kamenge, Cibitoke, Kinama and Gasenyi.
O país está em guerra tribal desde outubro passado, quando soldados tutsi rebelados mataram o primeiro presidente hutu do país, Melchior Ndadaye, em uma fracassada tentativa de golpe.
Há uma semana, hutus e tutsis vêm disputando o controle de Bujumbura, a capital, principalmente em combates durante a noite.
Diplomatas disseram que a violência começou segunda-feira, após decisão do presidente e do premiê de empregar o Exército para reprimir os combates.
"A desolação é total e a situação, catastrófica", disse o ministro Nyangoma a uma estação de rádio de Ruanda.
Um porta-voz militar afirmou que o Exército esta desarmando os civis. mas, segundo Nyangoma, a operação é uma represália ao governo central, que ameaça punir os militares acusados de envolvimento com violência.
Funcionários de agências internacionais de ajuda disseram que é impossível contar o total de mortos, mas que há centenas. Para eles, o governo pode estar superestimando o número de mortes, a fim de precipitar ação diplomática.

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