São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Greves pipocam para repor perda salarial

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Metalúrgicos de cinco indústrias de São Paulo estão em greve desde quarta-feira. Eles reivindicam a reposição das perdas salariais provocadas pela conversão dos salários em URV a partir de 1º de março.
A estratégia do sindicato dos Metalúrgicos é conseguir a reposição salarial "fábrica por fábrica" . Segundo o vice-presidente, Paulo Pereira da Silva, a Fiesp não concordou em negociar a reposição para toda a categoria.
Por enquanto os acordos estão sendo fechados com as empresas menores. A partir da semana que vem o sindicato vai procurar as grandes indústrias. "Temos uma reunião marcada com a direção da Villares na quarta-feira", diz.
Ele acredita que em 15 dias mais de 200 acordos já terão sido feitos. "A disposição de luta da categoria é muito grande. Se os empresários não negociarem, calculo que umas 40 metalúrgicas vão entrar em greve, por dia, a partir de abril", disse Silva.
Estão parados 4.300 trabalhadores. A Wapsa, que tem 2.500 funcionários, é a maior empresa em greve. As outras são a Brastubo (600 empregados), Arouca (600), Tecnotubo (300) e Maqstiro (300). O sindicato, filiado à Força Sindical, calcula que os metalúrgicos perderam entre 28,63% e 36,53%, dependendo da data do pagamento (dia 5 ou 30). O cálculo é feito com base no poder de compra na data-base da categoria e não no dia do efetivo recebimento do salário.
Silva diz que as greves vão continuar até que as empresas façam um acordo com os trabalhadores.
Ele informou que 40 pequenas e médias empresas "já reconheceram a perda da inflação de fevereiro, provocada pelo plano, e concordaram em fazer a reposição em parcelas mensais, como antecipação salarial", disse Silva.
Como exemplo, citou a metalúrgica Eriez Ltda, que vai conceder aos seus 570 funcionários um reajuste de 36,53% em seis parcelas de 5,33%, a serem pagas de 1º de abril a 1º de setembro.
Os acordos já fechados beneficiaram 10 mil trabalhadores, pouco mais de 3% da categoria (350 mil). Nas empresas que fizeram acordo, houve greve em apenas três. Segundo o sindicato, existem 10 mil indústrias metalúrgicas na cidade. Desse total, 7.900 têm 50 empregados ou menos.
ABC
Para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT -Central Única dos Trabalhadores), que tem data-base em 1º de abril, as perdas salariais provocadas pelo Plano FHC chegam a 28%.
Luiz Marinho, vice-presidente do sindicato, disse que a reposição já está sendo discutida com os empresários.
"Além do aumento real de 6,27%, já garantido pelo acordo anterior, vamos zerar as perdas causadas pela inflação e lutar pela redução da jornada de trabalho para 40 horas", disse Marinho.
O sindicato espera obter a reposição para toda a categoria, sem a necessidade de paralisações fábrica por fábrica.

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