São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Direto de esquerda

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

José Cicote é um dos envolvidos no caso Oswaldo Cruz. Ele é da antiga base petista no ABC, da envelhecida e deteriorada base sindical de quinze anos atrás. Um envelhecimento e uma deterioração que se evidenciaram no caso da morte do sindicalista –que era petista– e que voltam agora com o murro que Cicote deu no deputado Luiz Carlos Hauly, ontem.
Estava em toda a televisão, com imagens melhores no Jornal Bandeirantes. Não houve "troca de socos no plenário", uma descrição do TJ Brasil. O que houve, como bem mostrou o próprio TJ, foi que Cicote partiu para cima do vice-líder do governo, que estava então cercado, e acertou um direto de esquerda em seu rosto.
Uma agressão, como qualificou o Jornal Nacional. Faltou dizer que foi covarde.
Pequenez
Itamar Franco é quem pediu. Ontem, o presidente foi ironizado sem freios na televisão. No TJ, em particular. Começou com a correspondente dizendo que "o presidente está extremamente satisfeito com o papel de durão" e seguiu com um dos comentários mais ácidos já feitos por Boris Casoy.
Entre outras coisas, disse que Itamar está "mostrando o topete" numa "briga infantil". "Olhem para os seus cabelos brancos", pediu o âncora, argumentando que "o Brasil é muito grande para aguentar essa pequenez" do ex-prefeito da "aprazível Juiz de Fora". Por fim: "Lembrem-se de 64."
Obsessão
Tem gente acreditando que Paulo Maluf ainda não se decidiu. No Rede Cidade, disseram que o prefeito está dividido entre ser ou não ser candidato. "Está meio a meio", arriscou o programa da Bandeirantes.
Pode ser, na equipe. E com certeza Hebe Camargo e dois terços dos paulistanos querem que ele complete seu mandato. Mas Paulo Maluf, que investiu tanto no último ano, já sonha com o próximo orçamento.
"Por que essa insistência em ser presidente, doutor Paulo?", perguntou ontem à tarde, com ironia, a Rede Manchete.
Maluf parou, pensou e revelou muito mais do que simples insistência: "Quem não tem um sonho não merece viver."
Temeroso de que declarações assim não bastassem, Maluf ainda convocou o Jornal Nacional para um anúncio oficial –com uma desculpa, não tem outro nome, oportunista: "Face à crise político-militar e face à falta de liderança do Executivo, tenho que me candidatar."

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