São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Empregado na F-1 é movido a sabão

Repórter vira expert em limpeza

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece até que a F-1 é movida a água e sabão. Em um dia de autódromo, tornei-me um verdadeiro expert em limpeza. Explico.
Até domingo, sou servo de dois senhores. Um deles é este veículo de comunicações que está em suas mãos. O outro é a equipe Jordan, do piloto brasileiro Rubens Barrichello. Como não sou mecânico, fui escalado para, digamos assim, "quebrar galhos" (um "trouble-shooter" soa melhor).
Assim, fui apresentado ao box e ao pessoal da Jordan por volta de 13h. Antes disso, já participara do credenciamento da imprensa pela manhã, no Hotel Transamérica. Ao chegar em Interlagos, tratei de me livrar de uma caixa de sorvetes, presente do patrocinador do Rubinho. Deixei-a com o segurança do estacionamento do autódromo e, enquanto subia as escadas que levam aos boxes, deu para perceber a festa dos seguranças ao redor do colega presenteado.
Passeando pelos boxes, tentando me localizar um pouco (estréia é fogo!), a primeira figura conhecida com quem me deparei foi o goleiro do Santos, Edinho. Ele veio conversar com Christian Fittipaldi, para quem irá torcer domingo.
Mas vamos falar de F-1.
13h - Fui apresentado aos meus novos colegas. Não houve um que não tivesse advertido: "Você vai trabalhar duro, hein!". Mas a recepção foi calorosa. Don, o chefe dos mecânicos, preocupou-se em saber se eu já havia almoçado. Dessa forma, já comecei dando prejuízo. Um belíssimo prato de macarrão à bolonhesa.
A cozinha conta com dois Chris. Para um deles, perguntei "May I sit over there?", querendo um lugar para sentar. "Pode", ele respondeu, em bom português. Chris é inglês, mas mora no Brasil há um ano. Leciona inglês na USP e está na Jordan por indicação da ex-mulher.
14h - Chega o dono da festa. Rubinho aparece montado numa lambreta preta (fabricada pela Honda, tem esse detalhe).
14h30 - Começa a sessão limpeza. "Você já encerou seu carro?", perguntou-me Don. "Então, faça o mesmo com os nossos." Enquanto limpava, sob o sol, passou por mim o Zé do Caixão em pessoa e a caráter. "Deve ser o calor", pensei.
16h - Água. Enchi um galão, para ser usado contra incêndio, com um balde. Perdi a conta quando passei dos 30 baldes.
17h - A um sinal de Don, todos começam a vestir macacões antifogo, luvas, botas e máscaras. Era o ensaio da troca de pneus e de reabastecimento. O melhor tempo da equipe ficou em torno de 7s, mas foi apenas um ensaio. O tempo deve aumentar em condições reais.
19h - Fim de papo. Mas amanhã tem mais. Às 7h da matina (tem esse detalhe...).

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