São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Fábio Magalhães pede demissão do Masp

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O conservador-chefe do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Fábio Magalhães, apresentou ontem sua demissão à diretoria. Desde outubro de 1990 no cargo, Magalhães disse que tomou a decisão "por total contrariedade à maneira como o diretor-presidente, Hélio Dias de Moura, vem conduzindo o museu". Moura tomou posse no início de fevereiro passado, em substituição a Edmundo Monteiro.
Magalhães disse também que espera que sua demissão seja "um alerta" à diretoria sobre "a gravidade da situação administrativa e financeira" do Masp. "O diretor-presidente desde que assumiu vem apenas gastando dinheiro, sem conseguir recursos. E está burocratizando a administração do museu, diminuindo a importância do conservador-chefe e evitando as questões culturais", afirmou Magalhães em entrevista ontem.
Segundo ele, o museu já consumiu "parte considerável" das reservas financeiras que mantém no exterior, principalmente nos EUA. Magalhães disse que dos US$ 600 mil que estavam na reserva, Moura já consumiu quase a metade. "O que é pior, ele até agora não apresentou projeto nenhum para captação de recursos."
Magalhães se sentiu colocado de lado nas decisões da diretoria do museu. Como conservador-chefe, ele não tem direito estatutário a voto nas reuniões da diretoria. "Mas sempre participei de todas as reuniões, inclusive da pauta delas. Não tinha voto, mas tinha voz. Moura passou a diminuir essa minha participação."
Magalhães disse também que vinha recebendo apenas incumbências burocráticas por parte de Moura. "Ele não tratava de assuntos que não fossem administrativos comigo. Queria me transformar em burocrata e, com isso, mediocrizou a vida do museu. Parece um síndico de edifício."
Professor universitário, Magalhães entrou no Masp em 1989 como assessor do então conservador-chefe (e diretor) Pietro Maria Bardi, hoje presidente de honra. A Folha apurou que a saída de Edmundo Monteiro da presidência –com quem Bardi mantinha relações estreitas– enfraqueceu Magalhães. Este disse à Folha acreditar que o processo que o levou a se demitir não é resultado de choque de facções, mas iniciativa exclusiva de Moura.
Moura foi vice-presidente do Masp na gestão de Monteiro e seu mandato como diretor-presidente vai até o final de 1995.

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