São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Redd Kross chega ao Brasil em maio

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O público brasileiro só conhece Redd Kross pelo vídeo de "Jimmy's Fantasy", que passa na MTV. Mas "Phaseshifter" –previsto para sair no país em abril–, é o quinto álbum da banda de Los Angeles, que toca em maio em São Paulo e Rio, ao lado de Ramones e Stone Temple Pilots.
O baixista Steven McDonald era menor que seu instrumento, quando formou a banda com o irmão Jeff em 78. Mas Redd Kross nunca foi um Polegar. A banda estreou abrindo para o grupo de hardcore furioso Black Flag. Nos últimos anos, apadrinhou as japonesas do Shonen Knife e ganhou uma banda cover na Austrália.
Steven quer aproveitar a viagem ao Brasil para completar sua discografia dos Mutantes e conhecer Arnaldo Baptista.
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Folha - Não é esquisito que muita gente ache Redd Kross uma banda nova?
Steven McDonald - Não, porque começamos cedo. Quando gravamos o primeiro disco, eu tinha 12 anos. A gente se divertia na garagem e não dava a mínima pra rotina de uma banda de verdade. Agora, eu tenho 26 anos, a idade certa para começar uma carreira.
Folha - O que o levou a montar uma banda tão cedo?
McDonald - Minha família era ligada em música. Tinha sempre um disco novo dos Beatles, Stones, Kinks ou The Who em casa. Meu irmão, Jeff, foi ver os Beatles quando tinha três anos. Aos nove, conheci Ramones e Runaways. A essa altura, já era obcecado por música, e o punk me mostrou que não era difícil tocar.
Folha - Que tal foi tocar com Black Flag aos dez anos?
McDonald - Foi muito excitante. Eles eram nossos vizinhos e também estavam começando. Adoro aquela época. Greg Hetson (hoje no Bad Religion) era nosso guitarrista, só porque tinha o carro que nos levava para o Whisky A Go-Go, em Hollywood, onde vimos nossos primeiros shows. O pessoal do Suicidal Tendencies ainda era uma gangue e não uma banda. E nos odiava!
Folha - Foram vocês que deram início ao culto da banda japonesa Shonen Knife?
McDonald - De certo modo. Vimos uns vídeos obscuros das meninas e mostramos pro pessoal. Tivemos a idéia de gravar um tributo, que acabou saindo nos EUA antes que qualquer disco delas.
Folha - Vocês gostam de bandas femininas, não? No novo disco, tiraram um cover do grupo Frightwig, pioneiro do movimento "Riot Grrls", e antes já tinham gravado homenageans à Shonen Knife e Lita Ford.
McDonald - Eu confesso: sou um groupie! Tenho sorte de ter nascido numa época em que há muitas mulheres em bandas.
Folha - Por que vocês utilizaram técnicas de gravação dos anos 60 no novo disco?
McDonald - Porque o som da época é maravilhoso. Adoro o som de bandas como os Mutantes. Sou muito inspirado por eles. Os primeiros dois álbuns, que são os que conheço, são geniais. Espero conhecer os outros no Brasil. Soube que o guitarrista –ou o baixista –se atirou de um prédio.
Folha - Foi o baixista. Nosso Syd Barrett.
McDonald - Exatamente. Incrível. Sempre fui fascinado por esse tipo de histórias. Gostaria de conhecê-lo. A gente talvez toque um cover dos Mutantes nos shows.

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